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quarta-feira, 18 de julho de 2012

Portugueses: extinção prevista para 2204?




Rua vazia em Monsaraz, Alentejo, Portugal.
Danita Delimont


Portugal vai ficando sem habitantes. A população envelhece, o número de nascimentos decresce e a imigração abranda. Sem falar da crise que obriga os jovens licenciados a ir procurar um futuro melhor noutras paragens.
João Silvestre


O título é, deliberadamente, provocatório e exagerado. O objetivo é chamar a atenção para um problema sério que ameaça Portugal. A população portuguesa já diminuiu em 2010 e 2011 e tudo indica que a tendência é para continuar. Nos últimos dois anos, entre o saldo natural negativo (diferença entre nascimentos e mortes) e o saldo migratório (balanço entre emigração e imigração) também negativo, Portugal perdeu 85 mil pessoas.

Desde o início dos anos 90 que a população portuguesa não diminuía. O saldo natural tinha tido já um ano negativo – em 2007 – mas tinha sido compensado pelas migrações. A partir de 2010 as coisas mudaram completamente e, o pior, é que isto não vai ficar por aqui. As más notícias na frente de demográfica sucedem-se, quer em termos de natalidade, quer nos movimentos migratórios.
Estrangeiros regressam aos países de origem

As últimas estimativas disponíveis, a partir do número de crianças a fazer o chamado teste do pezinho, apontam para uma nova quebra dos nascimentos este ano. No ano passado, foram 97 mil, o valor mais baixo em décadas, e este ano poderão ser apenas 89 mil.

Enquanto isto, as mortes têm-se mantido sempre acima das 100 mil por ano: 104 mil, em média, desde 2007. O que tem ajudado a agravar o saldo natural que no ano passado foi de -6000 pessoas e este ano, a confirmar-se a previsão de nascimentos e a manter-se a mortalidade média dos últimos anos, poderá duplicar.

Ao mesmo tempo, as migrações deixaram de ajudar. Muitos estrangeiros que viviam em Portugal começaram a regressar aos seus países e os portugueses, por pressão da crise e do desemprego, começaram a sair para o exterior num ritmo que não se via há muitas décadas.

A taxa de desemprego é o melhor indicador para medir a capacidade de atração de uma economia. Durante quase vinte anos, até 2010, a economia portuguesa teve saldos migratórios positivos. Correspondeu a um período em que o desemprego diminuiu até ao mínimo de 4% em 2000. Os últimos saldos negativos tinham sido nos anos 80, o que coincidiu com a intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI) e com um desemprego que chegou a ultrapassar 10% (1984).
Um país sem habitantes é um deserto

A 'fuga' de portugueses para o exterior não tem apenas efeitos diretos na população através do saldo migratório. Como se tratam, em média, de pessoas mais novas do que as que ficam, a sua saída tende também a diminuir a natalidade do país. Já não falando, claro, do facto de muitas destas pessoas serem qualificadas – engenheiros, por exemplo, que estudaram nas melhores escolas portuguesas e vão ser 'oferecidos' à Alemanha ou a Bélgica.

Uma população que está a definhar é uma péssima notícia para qualquer economia. Em primeiro lugar, porque tende para zero e se nada for feito há um momento no futuro em que desaparece. A data de 2204 é apenas um exercício simples que resulta da repetição do saldo populacional negativo que se espera para este ano tendo em conta as estimativas de nascimentos, a manutenção das mortes e a repetição do saldo migratório médio dos últimos dois anos. Ou seja, é o ano em que a população acaba se mantiver esta trajetória perigosa de perder cerca de 55 mil pessoas por ano. Não inclui os portugueses que vivem fora do país.

Depois, em segundo lugar, porque a quebra na natalidade e maior emigração envelhecem ainda mais uma população já envelhecida com todas as consequências que isso tem em termos de segurança social, contas públicas ou produtividade e crescimento económico.

Infelizmente, esta ameaça seríssima que Portugal enfrenta não tem sido olhada com a devida atenção por parte dos responsáveis políticos. E não se trata de um problema criado com o programa da troika [Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu]. É uma tendência que já se observa há algum tempo e que tende a agravar-se e a auto-alimentar-se. Um país sem pessoas é um deserto e, já se sabe, com pequeníssimas exceções, ninguém gosta de viver no deserto.



Fonte: PRESSEUROP

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