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quarta-feira, 11 de julho de 2012

A "joelette" no ecoturismo


Ecoturismo

Percursos pedestres acessíveis à boleia de uma cadeira todo-o-terreno

 Por Marisa Soares
    A joëlette foi inventada por um guia de montanha francês para levar o sobrinho, que tinha miopatia, a fazer percursos pelos Alpes 
    A joëlette foi inventada por um guia de montanha francês para levar o sobrinho, que tinha miopatia, a fazer percursos pelos Alpes (Foto: DR)
Isabel tem 56 anos e não se lembra de alguma vez ter passeado no campo. Com mobilidade reduzida desde criança por ter contraído poliomielite, não sabia o que é andar por caminhos de cabras onde só cabe um pé à frente do outro. Mas também não tem medo do desconhecido. Por isso quando lhe pediram para experimentar uma joëlette num percurso pedestre na serra da Lousã, nos trilhos acidentados do Cabril do Ceira, em Serpins, não hesitou. "Nunca tinha andado em sítios onde não passa um carro", lamenta. A sensação é de "liberdade total".
O percurso que Isabel fez foi organizado pela Desafio das Letras, uma microempresa de produção de conteúdos e serviços nas áreas da educação ambiental e turismo de natureza. No Outono passado, a empresa criou o projecto Experience.nature, através do qual promove passeios pedestres inclusivos, utilizando uma joëlette - uma espécie de cadeira de rodas todo-o-terreno, que fica a meio caminho entre o carro de mão e o riquexó - para levar pessoas com mobilidade reduzida.


Os primeiros passeios foram feitos com uma joëlette emprestada pela Câmara da Lousã, mas a empresa quer ter o seu próprio meio de transporte, já que noutros locais é um privado que cede a sua joëlette. Estes engenhos são fabricados em França e cada um custa 2600 euros. Para conseguir comprar um exemplar, a empresa resolveu apostar no crowdfunding. Através desta plataforma online de financiamento colectivo, qualquer pessoa pode doar qualquer quantia e tem sempre uma recompensa - que pode ir desde um frasco de compota à possibilidade de participar num percurso.


"O preço do passeio ronda os 20 euros por pessoa. Queremos que as pessoas com mobilidade reduzida não tenham de pagar mais só para usar a joëlette, e isso só é possível se não tivermos que reflectir o custo do equipamento no preço do bilhete", explica Henrique Pereira dos Santos, arquitecto com experiência na área da conservação da natureza, que colabora com a Desafio das Letras.


Ontem, a empresa tinha já 72% do dinheiro necessário, mas este financiamento só fica disponível se chegar aos 100%. Quem quiser ajudar ainda tem quatro dias para o fazer - basta aceder à plataforma através do endereço www.ppl.com.pt/pt/prj/experience-nature.


O projecto foi pensado desde o início para ter uma componente de responsabilidade social e de sensibilização. Tanto que a "tripulação" da joëlette é composta por três ou quatro pessoas que integram o percurso, para assim também "ganharem consciência das dificuldades que as pessoas com mobilidade reduzida têm no mundo rural", afirma Henrique Pereira dos Santos, sublinhando que os percursos não são desenhados para pessoas com mobilidade reduzida. "A ideia é integrar estas pessoas em percursos normais."


A joëlette foi criada em 1980 por um guia de montanha francês, Joel Claudel, para levar o sobrinho, Stéphane, que tinha miopatia, a fazer percursos pelos Alpes. É uma cadeira com braços assente sobre uma roda, com varais à frente e atrás que são "pilotados" pelos restantes participantes. "É confortável para quem vai sentado e não exige esforço a quem empurra", garante Henrique Pereira dos Santos.


Os passeios organizados pela Desafio das Letras são sempre temáticos e incluem uma refeição com produtos locais e um workshop relacionado com o tema escolhido. "O objectivo é que todas as pessoas levem alguma coisa para casa no fim", afirma.


O próximo passeio é dia 21 de Julho, na serra da Lousã, berço do projecto, por ser um concelho "com uma forte política de acessibilidade", sustenta o arquitecto.

Fonte: PUBLICO (Pt)


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