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terça-feira, 13 de julho de 2010

Sobre Ingrid Betancourt (a colombiana)

2/07/2010 - 16h24

De heroína a vilã

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Ingrid Betancourt passou seis anos (2002/2008) no duplo papel de prisioneira e de heroína. Prisioneira das Farc (Forças Armadas Revolucionários da Colômbia, mais conhecidas como narco-guerrilha). Heroína porque foi capturada quando era candidata presidencial que, na aparência, queria romper o molde político tradicional de seu país.

Mal foi libertada, em uma operação militar espetacular, começou a percorrer a trilha que leva à satanização. Primeiro porque a assessora e amiga que com ela foi detida, Clara Rojas, lançou dúvidas sobre o comportamento de Ingrid no cativeiro. Outros ex-prisioneiros tampouco foram condescendentes com a heroína.

Não sei, ninguém sabe, o que se passou na selva colombiana. E odeio o julgamento de pessoas submetidas às mais extremas condições, como é o caso de prisioneiros de um grupo de delinquentes.

O problema é que, agora, as dúvidas sobre a heroína aparecem não pelo que dizem que ela fez enquanto prisioneira, mas pelo que está fazendo em liberdade, aliás dois anos depois de libertada. Ingrid está pedindo indenização ao Estado colombiano pelo tempo que passou presa. Quer US$ 6 milhões (R$ 10,5 milhões).

Alega que não foi devidamente protegida.

"As Farc a sequestraram, não o Estado. E está livre graças a uma operação militar bem sucedida", reagiu Gustavo Petro, líder do Polo Democrático, de esquerda, pouco simpático aos atuais ocupantes do Estado colombiano.

Pelo governo, fala o vice-presidente Francisco Santos: "É um ato de cobiça, de ingratidão e de desfaçatez".

A revista "Semana", a de maior prestígio na Colômbia, qualifica o fato de vergonhoso.

A satanização foi tão forte que a ex-prisioneira-heroína apareceu, chorando, na TV Caracol para dizer que só levará o caso até a audiência de conciliação. Se não houver acordo, desiste.

Não parece suficiente para acalmar a indignação de um parcela importante da opinião pública. Afinal, significa que, se o Estado colombiano ceder, na audiência de conciliação, ela recebe o dinheiro, seja qual for a quantia a ser acertada?

Ser indenizada pelo que ela própria chegou a considerar imprudência sua, ao viajar sem a devida segurança, por uma área dominada pela guerrilha não chega a ser propriamente um gesto que se espera de heroínas.

Clóvis Rossi é repórter especial e membro do Conselho Editorial da Folha, ganhador dos prêmios Maria Moors Cabot (EUA) e da Fundación por un Nuevo Periodismo Iberoamericano. Assina coluna às quintas e domingos na página 2 da Folha e, aos sábados, no caderno Mundo. É autor, entre outras obras, de "Enviado Especial: 25 Anos ao Redor do Mundo e "O Que é Jornalismo".

Fonte: Estado de SP

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