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domingo, 18 de julho de 2010

O custo das guerras

EUA já gastaram mais de US$ 1 trilhão com guerras no Afeganistão e Iraque

Só em 2009, a indústria bélica movimentou US$ 1,5 trilhão no mundo todo

Cecília Araújo

Comparando-se a qualquer outro país, os EUA ganham disparados em gastos relacionados ao setor militar

Comparando-se a qualquer outro país do mundo, os EUA ganham disparados em gastos relacionados ao setor militar (AFP)

No mês de junho, considerado o mais sangrento para as tropas estrangeiras no Afeganistão, o conflito completou oito anos e oito meses, superando a participação americana na guerra do Vietnã (1965-1973). A atual ofensiva se tornou, com isso, a mais longa expedição militar dos Estados Unidos no exterior, contando hoje com cerca de 130.000 soldados da coalizão, liderados pelas forças americanas. Conflitos como o do Afeganistão acabaram ajudando a consolidar, na última década, uma imponente indústria bélica que movimenta cifras extraordinárias, com a venda de armas, veículos, instrumentos e serviços.

De acordo com um documento divulgado em junho de 2010 pelo Instituto Internacional de Pesquisas para a Paz de Estocolmo (Sipri), só em 2009 os gastos militares em todo o planeta chegaram a aproximadamente 1,531 trilhão de dólares, garantindo uma grande margem de lucro às empresas privadas do setor. O valor representa um aumento de 5,9% em comparação aos gastos de 2008, e um salto de 49% desde 2000.

A perspectiva é de mais crescimento ainda no próximo ano. "O governo britânico investiu um total de 15 bilhões de dólares em operações militares no Afeganistão até março de 2010. Somente para 2010-2011, serão destinados mais 4 bilhões", exemplifica Sam Perlo-Freeman, diretor de um projeto sobre gastos militares do Sipri.

Comparados a qualquer outro país do mundo, porém, os Estados Unidos ganham disparados em gastos com o setor militar. Segundo Freeman, um relatório do Serviço de Pesquisa do Congresso americano revelou que só o governo atual destinou 330 bilhões de dólares à guerra do Afeganistão no ano fiscal de 2010. Em 2009, Washington já havia aprovado um estímulo de 800 bilhões de dólares exclusivamente para o Departamento de Defesa, destinados a outras despesas, que não incluíam armas e serviços militares.

Top 10 gastos militares

Os Estados Unidos e as guerras
As guerras no Afeganistão e no Iraque juntas custaram aos EUA pouco mais de 1 trilhão de dólares, destinados diretamente ao setor militar de 2001 até o fim do ano fiscal de 2010, revelou Freeman. Esses valores se referem à contratação de serviços e aquisição de equipamentos, como veículos blindados, aeronaves de carga e helicópteros, entre outros. Mas eles não incluem gastos extras, como os custos com soldados feridos e com a saúde de veteranos de guerra.

Pesquisadores estimam que apenas em 2008, se esses valores fossem incluídos na conta – juntamente com os custos de reconstrução dos países ocupados e com o impacto da guerra do Iraque no preço do petróleo –, o total dos gastos para os EUA chegaria aos 3 trilhões de dólares. De 2007 para 2008, os valores envolvidos na compra de armamento militar nos Estados Unidos subiram de 205,7 para 229,9 bilhões de dólares.

AFP

Conflitos no Afeganistão e no Iraque alimentam vendas de serviços e equipamentos militares

Conflitos no Afeganistão e no Iraque alimentam vendas de serviços e equipamentos militares

As empresas contratadas são poucas. Em 2008, por exemplo, o Exército americano escolheu a companhia Oshkosh para um contrato de valor potencial de 3,5 bilhões de dólares por uma demanda de veículos blindados. No total, os dez principais fornecedores de defesa militar receberam cerca de 150 bilhões de dólares em contratos federais.

Neste ano, no entanto, pela primeira vez desde o início da listagem da Sipri com as dez maiores empresas do setor militar, em 1998, uma companhia de fora dos Estados Unidos conseguiu chegar ao topo do ranking: a britânica BAE Systems. Além disso, a russa Almaz-Antei passou a fazer parte dos 20 maiores fornecedores de armas do mundo.

A indústria bélica americana
Com a entrada dos Estados Unidos na guerra do Afeganistão, após os ataques de 11 de setembro de 2001, o setor militar do país voltou a ficar em evidência. “Há um foco maior no suporte às operações de guerra e à compra de equipamentos para forças terrestres”, afirmou Michael O’Hanlon, ex-analista do Congresso para assuntos orçamentários e pesquisador sobre estratégia militar da organização independente Brookings Institution.

Parte imprescindível da política externa dos EUA, a indústria bélica é prioridade financeira do governo americano. Especialistas explicam que é comum ainda o intercâmbio de funções: quando militares de alta patente se aposentam, podem assumir um lugar nos conselhos de administração de empresas do setor bélico, e empresários desse ramo também podem acabar nas cadeiras do Congresso. O’Hanlon nega, no entanto, que o governo lucre com os negócios. “As guerras são responsáveis por grande parte do nosso déficit, que gira em torno de um trilhão de dólares”, justifica.

Além disso, de acordo com a diretora de um projeto sobre produção de armas do Sipri, Susan Jackson, o investimento do governo americano no setor militar conta com a aprovação de muitos americanos. “É importante entender que grande parte da sociedade assume que o investimento no setor militar é bom, natural e necessário. Essa percepção torna mais complicado questionar ou criticar a quantidade de dinheiro que alimenta essa indústria”, diz.

Fone: Rev. VEJA

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