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terça-feira, 13 de julho de 2010

Japão, Grécia e a crise

O poderoso Japão afunda e a bela Grécia emerge
13 de julho de 2010 | 0h 00


Gilles Lapouge, gilles.lapouge@wanado.fr - O Estado de S.Paulo

Todos os países, ou quase todos, estão abalados com a crise. Suas reações são diferentes e em certos casos inesperadas: um país poderoso e sério, afunda no marasmo. O outro, famoso por sua imaginação, beleza, pobreza e irresponsabilidade descobre, ao contrário, no fundo da sua desgraça, uma energia misteriosa e consegue sem problemas tirar a cabeça da água.

São as histórias recentes que se entrecruzam, a do Japão, que afunda, e a da Grécia, que começa a se recuperar.

O Japão é uma das mais importantes economias do planeta. Embora tenha atravessado momentos negros, há 20 anos, continua poderoso. Seus habitantes, extremamente preparados, laboriosos e ascéticos, trabalham como formigas. Sóbrios e disciplinados, contentam-se com férias "expressas" e estão dispostos a todo tipo de sacrifícios.

Aí está pois uma nação capaz, ao que parece, de enfrentar a crise.

Entretanto, sua situação não está nada boa. Há dez meses, o Japão rejeitou o partido que o governava há 50 anos (o Partido Liberal Democrático- PLD) e confiou o poder ao partido da oposição, o Partido Democrata do Japão (PDJ), de centro-esquerda.

Os problemas apareceram de repente: o primeiro-ministro Yukio Hatoyama foi derrubado apenas dez meses depois de assumir o cargo. Substituído há um mês por um novo premiê, do mesmo partido PDJ, Naoto Kan, que acaba de sofrer um vexame: no domingo, ele perdeu a maioria no Senado. Continua no cargo, mas muito enfraquecido.

Qual o motivo dessa rejeição? A crise, justamente. Decidido a atacar a dívida do país e a situação calamitosa de suas contas, Naoto Kan havia proposto dobrar o Imposto sobre o Valor Adjunto (IVA), que atualmente é de 5%. Não conseguiu: perdeu a maioria no Senado e acabou comprometendo o seu futuro.

Na contramão. A Grécia fez o percurso contrário: há seis meses, caminhava para o abismo e corria o risco de arrastar consigo toda a União Europeia. O Fundo Monetário Internacional (FMI) e a União Europeia (UE) abriram-lhe imensos créditos, em troca da promessa, feita pelo governo de esquerda de Georges Papandreou, de impor ao infeliz país, já extenuado e exangue, um tratamento de austeridade delirante, capaz de matar um asno do Peloponeso.

O mundo todo achou graça: jamais Atenas poderia impor sacrifícios semelhantes. Os gregos são um povo sensual, preguiçoso, fútil, enganador. Ninguém apostava na Grécia nem em Papandreou. Os abutres começaram a voar em círculo sobre a Acrópole.

Entretanto, é possível que não possam fazer o seu festim. Um relatório da Comissão Europeia de Bruxelas, divulgado na semana passada, não esconde sua admiração pela Grécia. Nunca se viu um governo empreender um programa desse porte: retardar a idade da aposentadoria, combater a fraude eleitoral, reduzir maciçamente o orçamento público (um recuo equivalente a 5% do Produto Interno Bruto em um ano), transformar a máquina do Estado, reformar a legislação trabalhista para facilitar as contratações e as demissões, etc.

É evidente que a Grécia está longe de ter voltado a respirar. Ela paga sempre 8% mais do que os alemães para um empréstimo de dez anos. O caminho é longo e difícil. Mas Papandreou já ganhou uma batalha: a de sua sinceridade e de sua coragem.

É a melhor maneira de desencorajar os abutres que há seis meses se preparavam para se empanturrar com a nação infeliz. / TRADUÇÃO ANNA CAPOVILLA


Fonte: Estado de SP

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