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domingo, 18 de julho de 2010

História da Alemanha

Alemanha

O povo alemão

Na origem do povo alemão estão as tribos germânicas. Referências literárias a elas aparecem já antes da era cristã. Mas se passaram séculos até que elas formassem uma nação, já que no início não tinham unidade política.

O povo alemão surgiu num processo que se estendeu por vários séculos, e suas origens perdem-se no tempo. A palavra Deutschland (Alemanha) compõe-se de dois elementos: enquanto land significa terra, deutsch, que só apareceu no século 8º, designava inicialmente a língua falada na parte oriental do império dos francos, que atingiu seu apogeu no reinado de Carlos Magno. Os teutões, um povo sobre o qual pouco se sabe, podem ter sido sua origem. Consta que eles desapareceram depois de derrotados pelo comandante romano Caio Mário em 102 a.C. O nome latino Germania é derivado do alemão Gehrmann ou Wehrmann, que significa "homem de guerra" ou "homem de lança".

As primeiras referências aos germani são do século 1º a.C. Embora provavelmente designasse populações célticas, e não germânicas, a expressão logo passou a ser empregada em obras literárias. O historiador romano Tácito e o imperador Júlio César forneceram os primeiros dados sobre os costumes dos germanos, povos bárbaros organizados em tribos, que viviam em florestas e não sabiam o que eram cidades. A vida e os costumes das diversas populações germânicas foram descritas por Tácito em sua obra Germania. No livro Sobre a Guerra Gálica, César descreve a luta contra Ariovisto, apresentado como "rei dos germanos" e grande ameaça para "toda a Gália".

O rio Reno, que os romanos cruzaram duas vezes na tentativa de subjugar a Germânia, tornara-se, já na época de César, o limite de dois mundos distintos: o latino mediterrâneo e o nórdico germânico. O imperador romano Augusto desistiu da expansão até o rio Elba (no leste da atual Alemanha) depois que o príncipe Armínio, da etnia germânica dos queruscos, derrotou três legiões na Floresta de Teutoburg. Por ter conseguido deter os romanos, Armínio – ou Hermann, como é chamado em alemão – é considerado o primeiro herói "nacional" da Alemanha.

Demorou muito, contudo, para que os povos germânicos constituíssem uma nação. Esse movimento começou com a constituição do grande Estado franco merovíngio e sua conversão ao cristianismo durante o reinado de Clóvis (481 a 511 d.C.), episódio que está ligado também à origem da França. Três séculos depois, pouco depois da morte de Carlos Magno (814 d.C.), o império começou a se desintegrar devido a partilhas sucessórias. Formou-se um império ocidental e um oriental – a fronteira política correspondia mais ou menos à fronteira lingüística entre o alemão e o francês.

Aos poucos, os habitantes do império oriental desenvolveram um sentimento de união. A palavra que a princípio designava a língua passou a qualificar o povo que a falava e, depois, a região por ele habitada: Deutschland. A partir desse momento, pode-se dizer que a Alemanha adquiriu uma história própria, no contexto da Europa centro-ocidental.

Bem cedo estabeleceu-se a fronteira ocidental da Alemanha, que permaneceu relativamente estável. Já a fronteira oriental mudou várias vezes ao longo dos séculos. No ano 900, ela mais ou menos acompanhava os rios Elba e Saale. Nos séculos seguintes, o território habitado pelos alemães foi ampliado em direção ao leste, um movimento que só veio a estacionar em meados do século 14.

Alemanha

Do 1º Império à Ascensão da Prússia

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O Império Alemão foi criado em 911 e perdurou até 1806. O século 16 foi marcado pela Reforma Protestante de Lutero. No século 17, a Prússia destacou-se entre os estados territoriais, tornando-se uma potência militar.

A extinção da dinastia dos carolíngios, no início do século 10º, representou a desintegração do império franco, que tivera seu apogeu no reinado de Carlos Magno, morto em 814 d.C. Dentre as nações originadas por essa dissolução, a Alemanha não tinha solo tão fértil quanto a França ou a Itália e era mais atrasada culturalmente, sobretudo em suas regiões orientais.

Os grandes ducados em que se dividiam os territórios alemães passaram a concentrar o poder, até que o duque dos francos Conrado foi eleito rei em 911, data que marca a fundação do Império Alemão. Conrado 1º é considerado o primeiro rei alemão. A denominação do império sofreu várias alterações ao longo dos séculos:

· Império Romano, a partir do século 11

· Sacro Império Romano, a partir do século 13

· Sacro Império Romano de Nação Germânica, a partir do século 15.

Tratava-se de uma monarquia eletiva, em que o rei era escolhido pela alta nobreza. Na Idade Média, não havia capital do reino ou império: o governo era itinerante. Não se arrecadavam impostos: o rei custeava a sua manutenção com o produto do "patrimônio real", por ele administrado. O monarca só conseguia impor respeito aos poderosos duques das diversas etnias quando fazia acompanhar sua autoridade de força militar e de uma hábil política de alianças. Essa proeza só foi alcançada plenamente por Otto 1º (936–973), que chegou a ser coroado imperador alemão em Roma, no ano de 962.

A partir de então, os reis germânicos eram candidatos à dignidade de imperadores. Na sua concepção, o império era universal e outorgava ao soberano o domínio sobre todo o Ocidente. Mas essa idéia jamais chegou a ser realidade política plena. Por um lado, devido aos propósitos desagregadores dos príncipes, que se opunham à ação centralizadora da monarquia. Por outro, devido à influência da Igreja Católica, numa época em que o poder secular estava atrelado ao eclesiástico.

Em 1138, começou o século da dinastia dos Hohenstaufen. Frederico 1º Barba-Roxa (1152–1190) fez o império florescer. Lutou contra o papado, as cidades do norte da Itália e seus rivais na Alemanha. Em seu reinado, porém, iniciou-se uma excessiva divisão territorial, que acabou enfraquecendo o poder central. Esse processo continuou no reinado de seus sucessores.

Com a decadência da dinastia dos Hohenstaufen, o império universal do Ocidente chegou ao fim em 1268. As forças desagregadoras no seio do império não deixaram que a Alemanha se transformasse num Estado nacional – um processo que começava a se impor em outros países da Europa Ocidental. Esse foi um dos diversos fatores que fizeram com que a Alemanha se tornasse uma "nação tardia".


Bismarck e o 2º Império

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A Revolução Francesa contribuiu para fazer desmoronar o Sacro Império em 1806. Uma nova unificação política só foi possível em 1871, graças ao progresso econômico registrado a partir de meados do século 19.

O impacto da Revolução Francesa – que em 1789 proclamou Liberté, Egalité, Fraternité na França, eliminando a ordem social feudal e promovendo a separação de poderes – foi o que faltava para fazer desmoronar o Sacro Império Romano de Nação Germânica. Os ideais revolucionários que se fizeram ouvir na França não chegaram a se alastrar na Alemanha, devido à estrutura federalista do império. Mas as ofensivas militares desencadeadas pela revolução tiveram amplo efeito sobre a região.

A Prússia e a Áustria resolveram intervir nos acontecimentos do país vizinho e acabaram provocando uma contra-ofensiva das tropas revolucionárias. Atacado pelo exército de Napoleão Bonaparte, que se considerava herdeiro da Revolução Francesa, o Sacro Império sucumbiu definitivamente, e a França anexou a margem esquerda do rio Reno.

Essa reorganização territorial deu-se às custas dos principados menores e dos religiosos. Os estados médios foram os grandes beneficiados, unindo-se em 1806 na Liga Renana (ou Confederação do Reno), sob o protetorado francês. No mesmo ano, o imperador Francisco 2º abdicou da coroa, pondo fim ao Sacro Império Romano de Nação Germânica. A necessidade de expulsar os invasores franceses acabou dando asas ao espírito nacional, e um novo movimento nacional culminou nas Guerras de Libertação.

A Alemanha, contudo, não ficou imune às grandes transformações sociais vindas da França e acabou instituindo a sociedade burguesa. Reformas, tais como a abolição da vassalagem, a liberdade profissional, a autonomia municipal, a igualdade perante a lei e o serviço militar obrigatório, foram implementadas inicialmente nos estados da Liga Renana e mais tarde também na Prússia, dando continuidade à reforma judicial e outras obras avançadas realizadas no século anterior por Frederico, o Grande (1740–1786), um legítimo representante do despotismo esclarecido.


A Liga Alemã

O Congresso de VienaBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: O Congresso de VienaApós a derrota de Napoleão, o Congresso de Viena (1814–1815) estabeleceu uma nova ordem na Europa. Porém, as aspirações de muitos alemães a um Estado nacional livre e homogêneo não se concretizaram. A Liga Alemã, que substituiu o antigo império, era uma união de estados soberanos pouco coesos. O único órgão, a Dieta de Frankfurt, não era um parlamento eleito, e sim um congresso de delegados. A Liga Alemã só podia agir com o beneplácito das duas grandes potências Prússia e Áustria. Nas décadas seguintes, a Liga reprimiu todas as tentativas de unificação e liberdade.

O desenvolvimento econômico incipiente trazia modernidade, contrariando essas tendências retrógradas. Em 1834, foi fundada a União Alfandegária Alemã, que implantou um mercado nacional uniforme. Em 1835, foi inaugurada a primeira estrada de ferro. Começava a industrialização. Com as fábricas, formou-se uma nova classe operária fabril. No entanto, o forte crescimento demográfico levou a um excedente de mão-de-obra. Como não havia legislação previdenciária ou trabalhista, a massa dos operários vivia na miséria.

A Revolução de 1848

A revolução de fevereiro de 1848 na França teve eco imediato na Alemanha, ao contrário do que acontecera com a Revolução Francesa. Em março, insurreições populares em todos os estados da federação obrigaram os amedrontados príncipes a fazerem grandes concessões. Em maio, reuniu-se a Assembléia Nacional em Frankfurt. O arquiduque austríaco João foi eleito regente do império. O centro liberal, que visava a uma monarquia constitucional com direito eleitoral limitado, era a força dominante na Assembléia. Contudo, a excessiva fragmentação partidária dificultava o trabalho legislativo. A classe política estava dividida entre a chamada "grande solução" e a "pequena solução", ou seja, um império alemão com ou sem a Áustria.

Afinal aprovou-se uma Constituição democrática, na qual se tentava conjugar o velho com o novo. Ela previa que o governo prestasse contas ao Parlamento. Como a Áustria insistisse em incorporar ao futuro império todo o seu território, composto de mais de uma dúzia de povos, venceu a tese da pequena solução. A Assembléia Nacional ofereceu ao rei da Prússia, Frederico Guilherme 4º, a coroa hereditária do Império Alemão. Mas o soberano não quis aceitar a dignidade de imperador concedida por uma revolução. Em maio, fracassaram os levantes populares que pretendiam impor a Constituição "de baixo para cima". Selada a derrota da revolução alemã, a maioria das conquistas foram anuladas e em 1850 foi restabelecida a Liga Alemã.

A ascensão de Bismarck

O grande progresso econômico registrado em meados do século 19 trabalhou a favor da unificação, tornando a Alemanha um país industrial, com destaque para a indústria pesada e a construção de máquinas. Na vanguarda desse desenvolvimento estava a Prússia. A pujança econômica, por sua vez, fortalecia a consciência política da burguesia liberal. O Partido Progressista Alemão, fundado em 1861, tornou-se a principal força no Parlamento da Prússia, opondo-se muitas vezes ao governo.

Empossado em 1862 como chanceler, Otto von Bismarck aceitou o desafio de governar contra o Parlamento e sem um orçamento por ele aprovado. Para impor a cobrança de novas taxas, e assim financiar a reforma militar que pretendia fazer, recorreu a medidas repressivas, como a censura da imprensa e a restrição ao direito de reunião.

Os êxitos na política exterior compensaram a fraca posição de Bismarck na política nacional. Ao vencer a guerra contra a Dinamarca (1864), a Alemanha obteve os territórios de Schleswig e Holstein, no norte, passando a administrá-los conjuntamente com a Áustria. O objetivo de Bismarck, contudo, era anexar os dois ducados. O conflito acabou levando a uma guerra contra a Áustria, que saiu derrotada (1866). A Liga Alemã foi dissolvida e substituída pela Liga Setentrional Alemã, que reunia todos os estados germânicos ao norte do rio Meno, tendo Otto von Bismarck como chanceler (primeiro-ministro).

O 2º Império

Monumento ao imperador Guilherme 1ºBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Monumento ao imperador Guilherme 1ºCompletando a unificação da Alemanha no sentido da "pequena solução", Bismarck conquistou a Alsácia e a Lorena, numa guerra contra a França (1870–1871) deflagrada por um conflito diplomático. Imbuídos de patriotismo, os estados do sul da Alemanha uniram-se à Liga Setentrional Alemã, constituindo o 2º Império Alemão ou Reich. Em Versalhes, o rei Guilherme 1º da Prússia foi proclamado imperador da Alemanha, no dia 18 de janeiro de 1871.

A unidade alemã, portanto, não resultou da vontade do povo, "de baixo para cima", mas de um pacto entre os príncipes, isto é, "de cima para baixo" e com a supremacia esmagadora da Prússia. O Parlamento do Império, o Reichstag, era eleito por sufrágio igualitário e tinha apenas uma influência indireta no governo. O chanceler do Império, embora só devesse prestar contas ao imperador, era obrigado a procurar apoio para a sua política no Parlamento.

Não eram uniformes as leis eleitorais relativas às representações populares dos diferentes estados no Reichstag. Em 11 estados, existia o sistema eleitoral por classes, dependente dos impostos pagos pelo eleitor e, em outros quatro, mantinha-se a representação por corporações. Com maior tradição parlamentar, os estados do sul da Alemanha reformaram seu direito eleitoral, adaptando sua legislação eleitoral à do Império.

Bismarck governou o Império por 19 anos, fortalecendo sua posição na nova constelação de forças na Europa através de uma política de paz e de alianças. Sua política nacional, porém, estava distante dessa sabedoria. Bismarck combateu tendências democráticas por considerá-las inimigas do Império. Lutou contra a ala esquerda da burguesia liberal, contra os políticos católicos e, principalmente, contra o movimento operário organizado, que reprimiu durante 12 anos. Bismarck, de certa forma, terminou sendo vítima do seu próprio sistema. A política personalista do jovem imperador Guilherme 2º forçou-o à demissão, em 1890.



A República de Weimar

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Transformações e convulsões marcaram as três primeiras décadas do século 20 na Alemanha. A fragilidade da república instituída em 1919 contribuiu para a expansão de movimentos radicais e para fortalecer os nazistas.

Sob o reinado de Guilherme 2º, a partir de 1890, a Alemanha procurou recuperar o terreno perdido na corrida imperialista das grandes potências. A participação do país no movimento colonizador, porém, deu-se em proporções modestas. Suas colônias incluíam Togo, Camarões, o Sudoeste Africano e um conjunto de territórios então denominado África Oriental Alemã.

O progresso material da Alemanha, aliado a um grande aumento da população (de 41 milhões, em 1871, para 61 milhões, em 1910), talvez tenha sido o aspecto mais importante nas décadas que precederam a Primeira Guerra Mundial. O aumento da produção industrial levou a um grande aumento da exportação. A siderurgia desenvolveu-se a todo vapor, dando origem a firmas poderosas, como a Krupp e a Thyssen. Na indústria química, os fertilizantes aumentavam a produção agrícola e os explosivos reforçavam o campo militar.

Nos meios de transporte, as ferrovias mais do que triplicaram em 40 anos, até somarem 61 mil quilômetros em 1910. A interligação ferroviária com outros países colocou a Alemanha no centro da rede européia. A construção de canais melhorou a rede fluvial e houve grande ampliação das linhas marítimas e da marinha mercante. Paralelamente, crescia a rede bancária.

Expansão do nacionalismo

Tudo isso trazia grandes transformações socioeconômicas, que incluíam a conscientização da crescente classe trabalhadora - que pudera organizar-se legalmente em sindicatos após o fim da lei anti-socialista de Bismarck, em 1890. Apesar disso, a Democracia Social idealizada por políticos e pensadores como August Bebel, embora fosse a maior força partidária, com milhões de eleitores filiados, ficou excluída de qualquer participação no governo. O Reichstag (Parlamento) não exercia nenhum controle sobre o governo.

Um clima de intenso nacionalismo se expandiu, influenciando a política do imperador, que a definiu na seguinte máxima: "Política mundial como missão, potência mundial como objetivo, esquadra como meio". A ênfase dada à Marinha decorria da concorrência com o Reino Unido e da brusca intensificação dos interesses coloniais germânicos.

Em 1900, uma nova lei naval duplicou o poderio marítimo alemão. Não só se aguçava a rivalidade econômica entre Inglaterra e Alemanha como também se acirrava o panorama internacional. O ano de 1913 foi caracterizado por amplos preparativos militares e o aumento de exércitos. Após um período de desconfiança internacional geral se definiram os que viriam a ser os principais adversários do primeiro conflito mundial: Alemanha e Áustria, de um lado, contra Inglaterra, França e Rússia, de outro.

A Primeira Guerra Mundial

Cartão-postal da Primeira Guerra MundialBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Cartão-postal da Primeira Guerra MundialO assassinato de Franz Ferdinand, herdeiro do trono austríaco, e de sua esposa, em 28 de junho de 1914, desencadeou a Primeira Guerra Mundial. A Alemanha viu-se obrigada a lutar em duas frentes, o que Bismarck sempre quis evitar. A rápida derrota da França planejada pelos alemães não aconteceu. Ao contrário: após a derrota da Alemanha na batalha do Marne, a luta estagnou.

No oeste, uma guerra de trincheiras culminou em batalhas sem sentido, com enormes perdas humanas e materiais para ambos os lados. Desde o início da guerra, o imperador e os primeiros-ministros foram relegados a segundo plano, e foram os militares que passaram a dar as cartas. O marechal Paul von Hindenburg estava à frente do alto comando militar alemão, mas o verdadeiro cabeça era o general Erich Ludendorff.

A guerra foi decidida após a entrada dos Estados Unidos, em 1917. Ludendorff, contudo, ignorou que a Alemanha estava completamente exaurida, insistindo até setembro de 1918 numa "paz vitoriosa". A derrota militar foi acompanhada da derrota política. Sem nenhuma resistência, imperador e príncipes abandonaram seus tronos, em novembro de 1918. Ninguém levantou a voz em defesa da monarquia, que caíra em descrédito. A Alemanha tornou-se república.


A República de Weimar

A República de Weimar

Proclamação da República de Weimar em ilustração de Raimo BergtBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Proclamação da República de Weimar em ilustração de Raimo BergtDas cinzas da guerra e do império, surgiu uma república fragilizada, numa era de grandes dificuldades econômicas não só na Alemanha derrotada como também no mundo todo. O social-democrata Friedrich Ebert foi encarregado de formar o primeiro governo republicano. Tendo-se distanciado das idéias revolucionárias do passado, os social-democratas consideravam sua principal tarefa garantir a transição ordenada para a nova forma de Estado.

As tentativas de introdução do socialismo por forças revolucionárias de esquerda, encabeçadas por nomes como Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo – que acabaram assassinados – foram reprimidas pela força das armas em 1918. Não houve mudanças em relação a propriedade privada, administração ou comando das tropas no país. As forças anti-republicanas mantiveram posições-chave no poder.

A eleição de 1919 – a primeira em que mulheres puderam votar – resultou em grande maioria para a democracia parlamentar. A Constituição, promulgada em agosto daquele ano em Weimar, acentuou a unidade alemã: os Estados não tinham soberania. Os três partidos republicanos que detinham a maioria na Assembléia Nacional não foram fortes o suficiente para enfrentar, na década de 20, as tendências que se colocavam contra o Estado democrático: aos radicais de esquerda logo vieram se somar os de direita, que ganhavam cada vez mais influência no seio do povo.

As dificuldades econômicas do pós-guerra e as rigorosas condições impostas pelo Tratado de Versalhes, assinado em 1919, alimentaram um profundo ceticismo em relação à república. Os distúrbios atingiram seu ápice em 1923, quando a inflação assumiu proporções dramáticas (um dólar chegou a valer 4,2 bilhões de marcos). Franceses e belgas ocuparam a região do rio Ruhr, quando os alemães deixaram de pagar as parcelas da indenização de guerra. Nesse ambiente conturbado, Adolf Hitler, então chefe do pequeno Partido Nacional-Socialista (NSDAP), tentou um golpe malogrado em Munique,. A época também foi marcada por tentativas dos comunistas de tomar o poder.

Breve prosperidade antes do fim

Gustav Stresemann, chanceler por cem dias em 1923 e ministro das Relações Exteriores até a morte, em 1929Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Gustav Stresemann, chanceler por cem dias em 1923 e ministro das Relações Exteriores até a morte, em 1929Entre 1924 e 1929 houve um breve período de reconstrução, graças à influência que adquiriu Gustav Stresemann, um nacionalista contra qualquer tipo de extremismo. Empréstimos externos foram empregados na modernização da indústria. Com a ajuda dos EUA, elaborou-se o Plano Dawes para possibilitar que o país arcasse com suas obrigações de guerra sem se arruinar completamente. A política externa de Stresemann recuperou para a Alemanha a igualdade de direitos através do Tratado de Locarno (1925) e do ingresso do país na Liga das Nações (1926). A arte e as ciências floresceram nos "dourados anos 20".

Após a morte do social-democrata Friedrich Ebert, primeiro presidente republicano, foi eleito chefe de Estado, em 1925, o ex-marechal Hindenburg. Candidato da direita, ele seguiu à risca a Constituição, embora não fosse partidário do Estado republicano.

O declínio da República de Weimar começou com o colapso da bolsa de Nova York e a crise econômica mundial de 1929 – mesmo ano em que morreu Stresemann.

A história dos anos seguintes foi marcada pela ascensão, nas eleições de 1930, dos ultranacionalistas (nacional-socialistas) e dos marxistas (comunistas). Em seu radicalismo, ambos aproveitaram-se do desemprego (que atingia 4,4 milhões de pessoas em 1930) e da miséria geral. Em 1931, a crise levou à quebra dos bancos e, em 1932, a situação se agravou ainda mais: os desempregados somavam 5,6 milhões e o marechal Hindenburg foi reeleito presidente, com Hitler em segundo lugar.

Em meio aos tumultos, o chanceler Heinrich Brüning (centro) foi demitido e substituído por Franz von Papen. O novo governo revogou medidas antes adotadas para conter as formações paramilitares dos nacional-socialistas (nazistas), e Hitler, em troca, passou a tolerá-lo. Em janeiro de 1933, após a demissão de Von Papen, Hindenburg chamou Hitler para constituir o novo governo.

A Ditadura Nazista

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Ao assumir o poder em janeiro de 1933, Adolf Hitler começou a montar um sistema ditatorial caracterizado pela repressão a quem não lhe fosse conveniente, pela perseguição aos judeus e pela expansão militar e territorial.

A partir de 1930, o movimento nazista de Adolf Hitler cresceu, aproveitando-se do descontentamento popular com as crises econômica e política. O Partido Nacional-Socialista (NSDAP) era antidemocrático, anti-semita e de um nacionalismo exaltado. Com uma pregação pseudo-revolucionária, tornou-se a maior força política em 1932. Com a demissão de Franz von Papen, o último chanceler da República de Weimar, o presidente Hindenburg chamou Hitler para constituir o novo governo.

Nomeado chanceler do Reich em 30 de janeiro de 1933, Hitler, que considerava o cargo apenas um passo para a tomada do poder absoluto, começou imediatamente a montar um sistema ditatorial. Desfez-se rapidamente dos aliados que permitiram sua ascensão, reservando-se plenos poderes. Através de uma lei aprovada pelos partidos burgueses, proibiu todas as agrupações políticas, com exceção do seu NSDAP. O Partido Social Democrata e o Partido Comunista foram dissolvidos, e os demais, forçados à autodissolução.

O incêndio do prédio do Reichstag (Parlamento), em 27 de fevereiro de 1933, foi logo atribuído aos comunistas .Isso serviu de pretexto para a aprovação de leis que revogaram direitos fundamentais dos cidadãos, puseram fim à liberdade de imprensa e desmantelaram os sindicatos, principal esteio dos movimentos sociais contrários ao nacional-socialismo.

Repressão e anti-semitismo

Membros da SA instigam a população berlinense contra os judeusBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Membros da SA instigam a população berlinense contra os judeusA partir de então, não havia instância policial ou estatal capaz de conter os distúrbios e agressões das SA, as temidas milícias paramilitares do Partido Nacional-Socialista (literalmente, o nome original, Sturmabteilung, significaria Divisão de Assalto). O esquadrão comandado por Heinrich Himmler, a SS (curto para Schutzstaffel, ou Esquadra de Proteção), começou a sedimentar sua posição especial no aparato repressivo.

Qualquer tentativa de resistência era brutalmente sufocada. O regime perseguia impiedosamente não só adversários políticos – a começar por comunistas e social-democratas –, como todas as pessoas que não eram do seu agrado. Milhares foram presas e, sem qualquer processo judicial, internadas em campos de concentração construídos da noite para o dia.

Mal tomara o poder, o regime começou a pôr em prática seu programa anti-semita. Passo a passo, os judeus foram despidos de seus direitos individuais e civis, proibidos de exercer a profissão, limitados em seu direito de ir e vir, expulsos de universidades, agredidos, forçados a entregar ou vender empresas e propriedades. Quem podia, tentava fugir para o exterior para escapar das expoliações, injustiças e vexações.

A perseguição política e a ausência de liberdade de expressão e informação levaram milhares de pessoas a abandonar o país. A emigração forçada de intelectuais, artistas e cientistas de renome representou uma perda irreparável para a vida cultural da Alemanha.

Militarização e recuperação econômica

Sessão no Reichstag em 1938Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Sessão no Reichstag em 1938Com a morte do marechal Paul Hindenburg em 1934, Hitler acumulou também a função de presidente. Sua política militarista tomava forma e as Forças Armadas passaram a prestar-lhe juramento como der Führer (líder ou guia). Em 1935, foram declaradas extintas as restrições militares do Tratado de Versalhes, introduzindo-se o serviço militar geral e obrigatório no país. Restabeleceu-se assim a soberania militar do Reich.

A frágil República de Weimar (de 1919 a 1932) não durou o suficiente para que o sistema liberal-democrático fincasse raízes na sociedade alemã. O caos durante esse período deixou muitos alemães propensos à ditadura nacional-socialista. Os violentos conflitos internos, manifestados em sangrentas batalhas de rua entre adversários políticos, e o desemprego em massa abalaram a confiança do povo no Estado.

Hitler, porém, conseguiu dinamizar novamente a economia. Seu regime impôs uma combinação extremada de capitalismo e socialismo estatal, em que tanto os proprietários de grandes empresas como os operários se subordinavam ao controle do Estado e ao poder público totalitário. Dois planos quadrienais, iniciados em 1936, davam à economia um aspecto de guerra, com destaque para a produção de sintéticos. Programas de geração de empregos e a produção de armas levaram à diminuição do exército de desempregados. O fim da crise econômica mundial favoreceu tal política. Os judeus foram sendo excluídos da vida econômica, tendo seus bens confiscados em novembro de 1938.

Política externa

No âmbito da política externa, Hitler também conseguiu, inicialmente, impor seus objetivos. A pouca resistência encontrada foi fortalecendo sua posição. Em 1935, a região do Sarre, até então sob a administração da Liga das Nações, foi reintegrada ao território nacional. Em 1936, as tropas alemãs invadiram a Renânia, zona desmilitarizada desde 1919. A assinatura de um pacto com o Reino Unido, em 1935, permitiu o rearmamento naval do país. Desmoronava, assim, todo o esquema de contenção da Alemanha armado pelos franceses após o fim da Primeira Guerra Mundial.

A Guerra Civil espanhola, iniciada em 1936, motivou um confronto entre esquerda e direita. Enquanto o governo republicano foi apoiado pela União Soviética, os rebeldes franquistas tiveram ajuda da Itália e da Alemanha. Os dois países aliaram-se em outubro do mesmo ano, no eixo Roma-Berlim. Japão e Alemanha, por outro lado, haviam se unido no Pacto Anti-Komintern (contra a Internacional Comunista, fundada por Vladimir Lênin e pelo Partido Comunista da União Soviética em 1919). Com a adesão da Itália a este, em 1937, configurava-se a Tríplice Aliança, que se manteria até a Segunda Guerra.

O avanço para a formação do Terceiro Reich prosseguiu: em 1938, a Áustria foi anexada (Anschluss), representando a conquista de um dos primeiros objetivos que Hitler fixara no livro Mein Kampf (Minha Luta). As potências ocidentais permitiram que ele incorporasse ainda a região dos Sudetos, na Tchecoslováquia, em 1939 – ano em que começou a Segunda Guerra Mundial.

A Segunda Guerra Mundial

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Ao dar início à sua política expansionista, Hitler previu a guerra desde o início. Com a invasão da Polônia, em setembro de 1939, deflagrou um conflito mundial que se estendeu até 1945.

Hitler não se contentou em anexar a Áustria e os Sudetos (em março e setembro de 1938, respectivamente). Sua intenção era dominar a Europa. Depois de desmembrar a Tchecoslováquia, ordenou a invasão da Polônia, em 1º de setembro de 1939. O Reino Unido e a França declararam guerra à Alemanha dois dias depois, cumprindo o acordo de defesa da Polônia. Começava, assim, a Segunda Guerra Mundial, que até 1945 devastou grande parte da Europa.

Josef Stalin, que recusava uma aliança com a França e o Reino Unido, assinara um pacto de não-agressão com a Alemanha em 23 de agosto de 1939. Hitler fez um jogo militar ousado com seus adversários. Sabendo que a vantagem alemã no armamento não se manteria por muito tempo, e que somente uma rápida seqüência de campanhas militares poderia evitar um fracasso semelhante ao da Primeira Guerra Mundial, criou o conceito do blitzkrieg. Danzig (Gdansk), a Prússia Ocidental e algumas regiões que sempre pertenceram à Polônia foram anexadas ao Deutsches Reich após a capitulação daquele país no fim de setembro. Os judeus poloneses foram amontoados em guetos, como o de Varsóvia.

Depois da Polônia, a França

Superestimando o poderio militar alemão nesse momento, o Reino Unido e a França permaneceram na defensiva. Como os adversários não reconhecessem suas anexações no Leste, Hitler iniciou uma campanha em 10 de maio de 1940, invadindo a França depois de ferir a neutralidade de Holanda, Bélgica e Luxemburgo. Paris foi ocupada pelas tropas alemãs em 14 de junho de 1940.

Embora o primeiro-ministro do Reino Unido Winston Churchill propusesse uma união com a França, bem como o prosseguimento da resistência francesa no norte da África, a maioria do gabinete francês decidiu-se por um armistício. Este foi assinado em 22 de junho pelo marechal Philippe Pétain, que dias depois transferiu seu governo para Vichy, no sul da França. Seu regime cooperou com o nazismo. O general Charles de Gaulle, que se refugiara em Londres, anunciou a continuidade da resistência.

Países e regiões ocupados foram colocados sob comando militar alemão; Luxemburgo e a Alsácia Lorena, anexados. No entanto, falharam tentativas alemãs de preparar um desembarque na Grã-Bretanha e de enfraquecer o adversário através de uma ofensiva aérea. Nesse meio tempo, os Estados Unidos passaram a apoiar cada vez mais o Reino Unido.

África, Bálcãs e Grécia

No fim de 1940, o exército britânico iniciou uma ofensiva contra as forças italianas no norte da África. Hitler atendeu a um pedido de Mussolini, enviando uma esquadra à Sicília e, em fevereiro de 1941, uma divisão à Líbia integrando o Afrika-Korps, sob o comando do marechal Erwin Rommel.

Após o fracasso do ataque italiano à Grécia, iniciado em 28 de outubro de 1940, Hitler preparou uma ofensiva de apoio, procurando incluir Hungria, Romênia, Bulgária e os países dos Bálcãs na Tríplice Aliança, forjada com a Itália e o Japão em 27 de setembro de 1940. As tropas alemãs esbarraram em resistência na Iugoslávia e, depois de tomar Belgrado em 17 de abril de 1941, venceram o exército grego. Dez dias depois, entraram em Atenas.

Os preparativos para a campanha contra a União Soviética foram iniciados em julho de 1940. Até meados de 1941, mais de 3 milhões de soldados alemães haviam avançado na região entre o Mar Báltico e o Mar Negro, bem como na Finlândia. Além dos objetivos militares, Hitler queria aplicar seu programa racial. Convencido da superioridade da raça ariana, ele determinou, a partir de 1941, o extermínio sistemático dos judeus, a dizimação da população eslava e a aniquilação da liderança comunista. Um plano geral para o Leste, elaborado pela cúpula da SS, previa a expulsão e o traslado de milhões de eslavos e uma gradual germanização da Europa Oriental.

O governo soviético não fez grandes preparativos de guerra, apesar das advertências. Stalin não acreditava que Hitler atacasse a Rússia antes de encerrar a campanha na frente ocidental. Em vão, tentou negociar com Hitler, a fim de ganhar tempo para armar o Exército Vermelho e mobilizar de 10 a 12 milhões de reservistas.

A expansão da guerra

Em 22 de junho de 1941, a Alemanha e seus aliados europeus atacaram a União Soviética. Hitler calculava que seria possível debilitar o Exército Vermelho em pouco tempo e depois transferir a maior parte dos tanques para as campanhas seguintes. A combatividade do Exército Vermelho e sua superioridade numérica, porém, levaram ao fracasso o ataque alemão rumo a Moscou. A contra-ofensiva soviética no duro inverno de 1941/42 causou muitas baixas ao exército alemão. Hitler, que ordenara "não se perder uma polegada" do solo conquistado e que os soldados mostrassem uma "resistência fanática", assumiu pessoalmente o comando militar.

O ataque à União Soviética levou à formação da "coalizão anti-Hitler", que até então fracassara pelo conflito de interesses. Em 12 de julho de 1941, o Reino Unido e a União Soviética assinaram um tratado de ajuda mútua. No mês seguinte, um ataque conjunto dos dois países ao Irã abriu caminho para o envio de material de apoio logístico à União Soviética.

O agravamento do conflito entre os Estados Unidos e o Japão fez com que os combates se estendessem. Depois que os japoneses ocuparam o sul da Indochina, o presidente norte-americano Franklin Roosevelt determinou um embargo de petróleo que afetou profundamente a economia japonesa. Em 1º de dezembro de 1941, o Japão declarou guerra aos Estados Unidos e ao Reino Unido e, em 7 de dezembro, atacou Pearl Harbor. Estabeleceram-se assim as frentes de guerra: as potências do Eixo, no triângulo Berlim-Roma-Tóquio, e os Aliados, compondo a coalizão anti-Hitler. O Japão e a União Soviética, contudo, mantiveram o acordo de neutralidade assinado em abril de 1941.

A luta no Pacífico

O Japão conquistou rapidamente terreno no Sudeste Asiático, avançando por Tailândia, Birmânia, Malaia (atual Malásia), Cingapura, Hong Kong e boa parte das Filipinas, o que lhe garantiu o acesso a matérias-primas de que necessitava para uma guerra de longa duração.

No início de 1942, Alemanha e Japão dividiram as zonas de operação, mas não chegou a haver uma intensa cooperação militar entre os dois países. Preferindo subjugar primeiramente a União Soviética, Hitler rechaçou o plano do comandante da Marinha, almirante Erich Raeder, de atuar em conjunto com o Japão e transferir as ações de guerra alemãs para o Mediterrâneo e o Oriente Médio.

O Holocausto

Deportação de judeus do gueto de VarsóviaBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Deportação de judeus do gueto de VarsóviaAs primeiras ordens para o extermínio dos judeus foram dadas em 31 de julho de 1941, mas foi durante a Conferência de Wannsee, em 20 de janeiro de 1942, que assumiram forma concreta os planos da "solução final" (Endlösung): a aniquilação sistemática de todos os judeus nos países sob o domínio nazista.

Nos meses seguintes, começou o genocídio dos judeus nos campos de concentração e extermínio de Auschwitz, Treblinka, Belzec, Sobibor, Chelmno e Maidanek. Os que não morreram de doenças e subnutrição durante a rotina de trabalhos forçados foram levados para as câmaras de gás. Fuzilamentos em massa, geralmente executados pelas SS, também foram freqüentes, principalmente na Europa Oriental. O genocídio custou a vida de 5,2 milhões a 6 milhões de judeus, a maioria deles poloneses.

A guerra marítima

No mar, os submarinos alemães causavam graves perdas aos inimigos e às nações que os apoiavam, atacando e afundando navios até mesmo da Marinha Mercante Brasileira. De janeiro a julho de 1942, a marinha de guerra alemã afundou um tal número de navios aliados que, somados, pesariam 2,9 milhões de toneladas. Sobre as águas, porém, as batalhas praticamente terminaram para os alemães após o afundamento do navio de guerra Bismarck, em 27 de maio de 1941. Paralelamente, desde março de 1942 aumentaram os ataques aéreos britânicos contra cidades alemãs.

A capitulação na África

A mudança decisiva no cenário de guerra europeu e africano começou no fim de 1942, com a grande ofensiva do general britânico Bernard Montgomery contra Rommel, na África. Em etapas, a batalha foi se deslocando para o oeste. Tropas americanas e britânicas aterrissaram no Marrocos e na Argélia, sob o comando de Dwight Eisenhower. Os Aliados escolheram a região do Mediterrâneo para uma guerra de desgaste, em grande estilo.

Na conferência de Casablanca, em 24 de janeiro de 1943, Roosevelt e Churchill anunciaram como objetivo de guerra a "capitulação incondicional" da Alemanha, da Itália e do Japão. Decidiu-se reforçar os bombardeios contra a Alemanha, que passaram a contar com a participação da Força Aérea dos Estados Unidos. A capitulação do que restou do exército de Rommel e das tropas italianas na África deu-se em 13 de maio de 1945.

A ofensiva soviética

Na frente leste, uma grande ofensiva soviética no fim de 1942 acabou cercando o 6º Exército alemão entre os rios Volga e Don. Embora Hitler proibisse tanto a capitulação como a retirada, o marechal Friedrich Paulus entregou-se, com parte das tropas, em 31 de janeiro de 1943. Stalingrado foi o começo do fim para Hitler. A notícia de que os Aliados haviam desembarcado na Sicília, em 10 de julho de 1943, fez com que ele interrompesse os combates no Cáucaso para concentrar forças na Itália. A partir de então, a União Soviética passou a ditar os acontecimentos na frente leste.

Após um último aumento da capacidade destrutiva dos submarinos alemães até março de 1943, os ingleses conseguiram decifrar o código alemão de radiocomunicação. As perdas foram tão grandes que o comandante da marinha de guerra alemã, almirante Karl Dönitz, suspendeu, em maio, o combate aos comboios aliados no Atlântico.

A queda da Itália

Prisioneiros de guerra alemães em StalingradoBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Prisioneiros de guerra alemães em StalingradoO desembarque dos Aliados na Sicília encontrou pouca resistência italiana. Uma moção de desconfiança contra Mussolini culminou com sua prisão, em 25 de julho de 1943. O governo nomeado pelo rei Victor Emmanuel 3º assinou um armistício com os Aliados, que desembarcaram no sul da Itália em setembro. As tropas alemãs, por sua vez, ocuparam Roma em 10 de setembro e começaram a desarmar as tropas italianas. Mussolini foi libertado por um comando alemão de pára-quedistas e passou a chefiar uma república social italiana, fascista e dependente da Alemanha. A grande ofensiva aliada, contudo, só teve início em 12 de maio de 1944. No mês seguinte, as tropas alemãs deixaram Roma, concentrando-se no norte.

Em 3 de janeiro de 1944, o Exército Vermelho ultrapassou a fronteira soviético-polonesa de 1939. Em 22 de junho do mesmo ano, quando se completavam três anos da invasão alemã, Stalin ordenou uma grande ofensiva contra as divisões alemãs concentradas no centro. Como Hitler insistisse em manter a linha do front, em poucos dias os soviéticos conseguiram rompê-la, desgastando as 38 divisões alemãs. Com isso, os soviéticos chegaram até o leste de Varsóvia e cortaram as vias de abastecimento das tropas alemãs nos países bálticos.

A ofensiva aérea dos Aliados ganhou grande força a partir do verão de 1943. Bombardeios britânicos causaram graves danos a cidades alemãs, entre as quais Hamburgo e Berlim. No ano seguinte, o alvo foram as refinarias, o que levou a uma queda fatal da produção de combustível.

O desembarque na Normandia

Após meses de preparativos, o grande desembarque na costa da Normandia teve início na madrugada de 6 de junho de 1944. Apesar da resistência dos alemães, os Aliados conseguiram romper sua linha de defesa. Tropas americanas e da resistência francesa tomaram Paris em 25 de agosto. Dias antes, os Aliados também haviam desembarcado na costa mediterrânea. De Gaulle assumiu o governo da França.

Em 20 de julho de 1944, o alemão Claus Schenk, conde de Stauffenberg, perpetrou um atentado contra Hitler, em nome do movimento de resistência do qual faziam parte vários oficiais. Hitler saiu apenas levemente ferido da explosão de uma bomba em seu quartel-general na Prússia Oriental. A represália não se fez esperar: mais de 4 mil pessoas, membros e simpatizantes da resistência, foram executadas nos meses seguintes.

Embora o desmoronamento do Terceiro Reich fosse incontestável, Hitler ordenou, em 25 de setembro de 1944 ,que todos os homens alemães de 16 a 60 anos fossem convocados para o exército, pouco depois de seu ministro da Propaganda, Josef Goebbels, tornar a proclamar a "guerra total". A inversão da situação fez com que pequenos países que haviam se aliado à Alemanha, como a Romênia, abandonassem a guerra ou mudassem de frente.

O fim da guerra na Europa

Enquanto a ofensiva nas Ardenas consumiu as últimas reservas alemãs na frente ocidental, um novo ataque soviético acabou com o que restava das tropas alemãs no leste. O Exército Vermelho tomou Varsóvia em 17 de janeiro de 1945 e logo depois isolou a Prússia Oriental do resto do Reich. Em 30 de janeiro, as tropas soviéticas atingiram o rio Oder, na atual fronteira entre a Polônia e a Alemanha. Nos meses seguintes, os alemães caíram em Silésia, Prússia Ocidental, Pomerânia Oriental, Königsberg e Danzig (Gdansk).

A ofensiva dos aliados ocidentais não avançou com tanta rapidez. Vindos da Holanda, os norte-americanos entraram na Alemanha em 23 de fevereiro, chegando a Colônia em 7 de março de 1945. No mesmo dia, tomaram a ponte de Remagen, sobre o Reno, a única que não fora destruída. Os ingleses dirigiram-se à região industrial do Ruhr e avançaram depois para o norte, enquanto as tropas americanas rumaram para o sul.

A queda de Berlim e a capitulação

Munique caiu em 30 de abril, restando ao Exército Vermelho a conquista de Berlim, Praga e Viena. O comandante de Berlim capitulou em 2 de maio de 1945. Hitler se suicidou dias antes na capital alemã, em 30 de abril, num bunker. Nomeou o almirante Karl Dönitz seu sucessor como chefe de Estado. Dönitz ordenou que o chefe do Estado-Maior, general Alfred Jodl, assinasse a capitulação incondicional em 7 de maio de 1945, no quartel-general dos Aliados, em Reims. A rendição entraria em vigor no dia seguinte, 8 de maio, data que marca, oficialmente, o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa. Dois dias depois, o comandante da Wehrmacht, marechal Wilhelm Keitel, assinava a capitulação também no quartel-general soviético, em Berlim. Em 5 de junho de 1945, os quatro comandantes-em-chefe dos Aliados anunciaram ter assumido o controle em toda a Alemanha.

No Pacífico, a guerra se estendeu até 2 de setembro de 1945, quando o Japão assinou sua capitulação. Para pôr fim ao conflito, os norte-americanos apelaram a bombas nucleares. Atiraram as primeiras bombas atômicas sobre Hiroshima, em 6 de agosto de 1945, e Nagasaki, em 9 de agosto.

O balanço

A Segunda Guerra Mundial deixou um saldo de pelo menos 30 milhões de mortos – algumas estimativas calculam o número em mais de 55 milhões. Só na União Soviética, morreram cerca de 20 milhões. O Holocausto custou a vida de 5,2 milhões a 6 milhões de judeus. Na Alemanha, morreram 5,25 milhões; na Polônia, 4,5 milhões; no Japão 1,8 milhão, e na Iugoslávia, 1,7 milhão de pessoas.

Ao fim da Segunda Guerra, a Alemanha, a Itália e o Japão deixaram de ser grandes potências. Os Estados Unidos e a nova superpotência União Soviética haviam definido a guerra na Europa, que dividiram de fato em duas zonas, conforme seu poderio e sua esfera de influência. No Leste Asiático, os EUA dominaram inicialmente, enquanto a Grã-Bretanha e a França, embora também vencedores, entraram em declínio.

A Reunificação do País

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1989 entrou para a história como o ano em que o Muro de Berlim caiu. Em 1990, os dois Estados alemães se reuniram. A reunificação se tornou possível graças a uma revolução pacífica e ao consentimento tácito de Moscou.

O Muro de Berlim caiu no dia 9 de novembro de 1989. O que não passava de um sonho – derrubar a barreira que separava ao mesmo tempo os dois Estados alemães, os sistemas capitalista e comunista, o Leste e o Oeste – tornou-se realidade de repente. Wahnsinn! (Que loucura!) – foi a palavra do momento. O processo iniciado nesse dia culminou, em 3 de outubro de 1990, com a reunificação alemã e a integração dos territórios da República Democrática Alemã (RDA), no Leste, à República Federal da Alemanha, no Oeste.

A RDA, que sempre esteve sob o firme domínio do SED (Partido Socialista Unitário) e a tutela da União Soviética, começou a apresentar fortes sinais de esclerosamento e desagregação ao não acompanhar as reformas iniciadas por Mikhail Gorbatchov na União Soviética em 1985. Essa desagregação do bloco oriental já se manifestava na Polônia, onde o Partido Comunista se via obrigado a dividir o poder com o sindicato Solidarność, e na Hungria, que passara a adotar elementos da economia de mercado. A RDA, que então tentou isolar-se de Moscou, não estava, porém, em condições de subsistir sem ajuda soviética.

Oposição e fuga de um sistema esclerosado

Berlim Ocidental, a vitrine do Ocidente, e a mídia alemã-ocidental, a que os alemães-orientais tinham acesso, apesar da proibição, eram um constante convite a deixar o Estado condenado à falta de opções e de liberdade, à impossibilidade de viajar livremente ao exterior. A oposição, inicialmente sem partido, agrupou-se sob a proteção da Igreja Protestante. Era integrada por pacifistas e por grupos de base, de defesa dos direitos humanos e do meio ambiente. Entretanto, diante da espionagem onipresente do Stasi, o Serviço de Segurança do Estado, e dos mecanismos de controle do Estado, a oposição, que fermentava há anos no país, só conseguiu se manifestar em 1989.

Antes disso, os dissidentes mais ativos deixavam o país, muitas vezes com a permissão das autoridades. De 1984 a 1988, 104 mil puderam ir para o Oeste, perdendo a nacionalidade da RDA. Em 1989, 161 mil pessoas solicitaram a expatriação. Logo, porém, já não seria necessária a autorização para viver no Ocidente. Quando a Hungria decidiu abrir sua fronteira com a Áustria, em maio, abriu-se uma brecha na Cortina de Ferro. Inicialmente, Budapeste não deixou os alemães-orientais passarem, muitos deles refugiados na embaixada da República Federal da Alemanha (RFA). As embaixadas da RFA em Praga e em Varsóvia também estavam lotadas, bem como sua representação permanente em Berlim Oriental.

Em 11 de setembro, a fronteira húngaro-austríaca foi totalmente aberta. Em 30 de setembro, o ministro do Exterior da RFA, Hans-Dietrich Genscher, anunciou a 6 mil alemães-orientais refugiados em Praga que eles poderiam ir para a Alemanha Ocidental. Ao todo, 344 mil pessoas deixaram a RDA em 1989, o que deixou o governo comunista desorientado.

Os últimos dias do regime

Em 9 de setembro constituiu-se na RDA o Novo Fórum, uma plataforma de discussão sobre reformas do sistema. As manifestações espontâneas às segundas-feiras em Leipzig foram uma das características da revolução pacífica na RDA, reunindo a cada semana um número maior de pessoas. Momentos críticos foram as passeatas de 9 de outubro – com 70 mil pessoas a exigir liberdade de viagem e eleições livres – e a de 16 de outubro, que reuniu 120 mil. Apesar do grande aparato repressivo, prevaleceram os apelos à sensatez e evitou-se um massacre. Durante o mês de outubro, realizaram-se manifestações em todas as cidades grandes, engrossando o coro dos protestos.

Aparentemente insensível ao movimento, a cúpula da RDA festejou com desfiles militares, em 7 de outubro, o 40º aniversário da fundação do Estado comunista. Foi por ocasião dessas festividades que Gorbatchov pronunciou a célebre frase, ao conversar com o chefe de Estado, Erich Honecker, que estava com 77 anos: "A vida castiga quem chega tarde". Numa tentativa de salvar o que ainda era possível, Egon Krenz, que se tornaria o sucessor de Honecker, encenou um golpe branco com o apoio de Gorbatchov. Honecker foi afastado do cargo na reunião do Politburo em 17 de outubro, e Krenz o substituiu. As manifestações, porém, não cessaram. Em Leipzig, 300 mil pessoas se reuniram no dia 30 de outubro. Em Berlim Oriental, a multidão ultrapassou meio milhão em 4 de novembro. No dia 7, o governo do primeiro-ministro Willi Stoph renunciou; no dia 8, o Politburo.

Equívoco precipitou o fim

Com toda essa instabilidade, bastou um pequeno equívoco para selar o fim do regime alemão-oriental. No dia 9 de novembro, coube a Günter Schabowski, o novo secretário de Informação do Comitê Central, anunciar à imprensa as novas diretrizes sobre viagens ao exterior, que eliminavam qualquer condição prévia para a concessão de vistos para deixar o país. "Anuncie isto. Vai ser uma sensação e um ponto a nosso favor", disse Egon Krenz, ao entregar as duas páginas recém-aprovadas pelo Comitê Central a Schabowski, que se ausentara no momento da aprovação do documento e não conhecia seu conteúdo em detalhe.

Schabowski não percebeu que a diretriz só deveria ser divulgada no dia seguinte. Quando um jornalista italiano perguntou quando a medida entraria em vigor, hesitou, consultou o texto e pronunciou a frase que derrubaria o Muro: "Que eu saiba, ela entra em vigor... agora, de imediato". Na verdade, ele se referia à manhã seguinte, quando as repartições abrissem, pois ainda era preciso solicitar visto de saída. Mas os alemães-orientais tomaram suas declarações literalmente como senha para avançar em direção à fronteira.

Como o Conselho de Ministros ainda não aprovara as diretrizes, as tropas e os postos fronteiriços não tinham instruções e foram tomados de surpresa com a massa de gente que se aglomerou nos postos de Berlim Oriental. O bom senso triunfou, e nenhum tiro foi disparado quando centenas de pessoas passaram para Berlim Ocidental. Os primeiros ainda receberam um carimbo de "expatriado", mas depois não restou alternativa aos soldados senão abrir caminho. O êxodo e a confraternização duraram toda a noite. Pela primeira vez, alemães-ocidentais e alemães-orientais podiam movimentar-se livremente de um lado da fronteira para o outro. O chanceler federal alemão, Helmut Kohl, recebeu a notícia em Varsóvia, onde se encontrava em visita oficial, regressando na mesma noite a Berlim.

Terceira via não teve vez

A cúpula do SED ainda tentou salvar o regime, reformando-o, mas era tarde demais. Hans Modrow, considerado aliado de Gorbatchov, tornou-se o novo chefe de governo da RDA em 13 de novembro. Novas revelações sobre privilégios e mordomias dos altos funcionários e as dimensões do sistema de espionagem do Stasi provocaram revolta. Em janeiro de 1990, o SED já perdera a metade dos seus 2,3 milhões de filiados.

O vácuo de poder foi preenchido pelo movimento cívico de oposição. Conforme o modelo polonês, surgiram "mesas-redondas" em várias cidades da RDA. Por maiores que fossem seus méritos – entre eles a dissolução do Ministério de Segurança do Estado – contudo, esse movimento acabou na contramão da história, ao insistir na independência da República Democrática Alemã e numa "terceira via" entre capitalismo e socialismo. Enquanto isso, aumentavam na RDA os partidários da reunificação.

Kohl aproveitou a chance

Gorbatchov (esq.) e Kohl acertaram a reunificação da AlemanhaBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Gorbatchov (esq.) e Kohl acertaram a reunificação da AlemanhaInicialmente, o governo alemão-ocidental reagiu de forma reservada aos acontecimentos no outro Estado alemão. Ao ver aumentar o clamor popular pela reunificação e notando sinais de que Moscou não se oporia a ela, Helmut Kohl passou à ofensiva. Em 28 de novembro, apresentou ao Parlamento o Zehn-Punkte-Programm, programa de dez ações para superar a divisão da Alemanha.

A princípio, Helmut Kohl contava com três ou mais anos até a reunificação, mas mudou de opinião ao ser calorosamente recebido em Dresden em 19 e 20 dezembro de 1989. Foi quando notou que "não havia margem para uma fase de transição e que o regime estava no fim". Hans Modrow ainda acenou com a proposta de uma reunificação em quatro fases, que tinha um grande senão: a neutralidade da Alemanha reunificada, o que era inaceitável para a RFA.

O governo Modrow perdia rapidamente a autoridade. As instituições do Estado estavam em processo de dissolução e a situação econômica piorava a olhos vistos. Neste cenário realizaram-se, em março de 1990, as primeiras eleições livres para o Parlamento na RDA, que culminaram com a vitória da Aliança pela Alemanha, uma coligação entre a União Democrata Cristã (CDU) e a União Social Alemã (DSU), com 48,1% dos votos. A maioria dos novos partidos no Leste tinha seu correspondente na RFA. Setenta e cinco por cento do eleitorado votou em partidos favoráveis à unificação. O SED, que logo se transformaria no Partido do Socialismo Democrático (PDS), obteve 16,3% – em dezembro, seu papel como líder na RDA havia sido riscado da Constituição. A função do último governo da RDA, encabeçado por Lothar de Maizière, era encaminhar a unificação e negociar as melhores condições possíveis para os alemães-orientais.

União monetária e tratados da reunificação

O governo de Bonn apressou as negociações sobre uma união monetária, entre outras coisas, para conter a contínua emigração da RDA. No dia 18 de maio de 1990, os Parlamentos dos dois Estados aprovaram um tratado que praticamente estendeu os sistemas monetário, econômico e social vigentes na República Federal da Alemanha à República Democrática Alemã. O marco alemão-ocidental tornou-se, assim, a moeda dos dois países. O tratado, que entrou em vigor em 1º de julho do mesmo ano, estipulou um câmbio de 1 a 1 para salários, aposentadorias, aluguéis e outros pagamentos correntes na Alemanha Oriental. Essa também foi a taxa de câmbio para poupanças com limite entre 2 mil e 6 mil marcos orientais. As importâncias além desses limites foram trocadas na proporção de 2 por 1. No câmbio negro, 1 marco ocidental chegou a valer 15 marcos orientais ou mais.

Por outro lado, negociações dos dois Estados alemães com os Aliados da Segunda Guerra Mundial (EUA, França, Reino Unido e União Soviética) – as chamadas conversações 2+4 – culminaram com a assinatura, em Moscou, em 12 de setembro de 1990, de um tratado dando plena soberania à Alemanha unificada. A Alemanha, por sua vez, reconheceu como invioláveis as fronteiras vigentes na Europa, comprometendo-se a reafirmar a fronteira com a Polônia, demarcada pelos rios Oder e Neisse, num tratado bilateral com este país, assinado em 14 de novembro do mesmo ano.

No dia 20 de setembro, os Parlamentos de Bonn e de Berlim Oriental aprovaram o Tratado de Unificação. Os cinco estados alemães-orientais – Brandemburgo, Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, Saxônia, Saxônia-Anhalt e Turíngia – passaram a integrar o território da República Federal da Alemanha a partir de 3 de outubro de 1990. No dia 2 de dezembro, foram realizadas as primeiras eleições parlamentares da Alemanha unificada. Sagrou-se vencedora a coalizão entre democrata-cristãos e liberais liderada por Helmut Kohl, que se tornou assim chanceler federal pela quarta vez e o primeiro chefe de governo da nova era na história da Alemanha.

Da Reunificação ao Século 21

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O processo de reunificar a Alemanha revelou-se mais lento e oneroso do que previsto, levando ao fim da era Helmut Kohl. A Alemanha unificada entrou no século 21 encabeçada por Gerhard Schröder e depois por Angela Merkel.

Em 3 de outubro de 1990, consumou-se a unificação dos dois Estados alemães. A data tornou-se feriado nacional. Mas o processo de aproximação, ou "união interna", apenas começara. Durante 45 anos os alemães haviam vivido em dois mundos completamente diferentes. Logo ficou claro que seriam necessários enormes esforços para que os alemães-orientais, logo batizados de ossis (derivado de Ost, leste), e os wessis (de West, oeste) se integrassem, sentindo-se um só povo.

O peso dessa integração não foi dividido igualmente. Dos novos cidadãos da República Federal da Alemanha (RFA), exigiu-se enorme capacidade de adaptação. Da noite para o dia, os alemães-orientais viram-se às voltas com um novo sistema, que lhes era estranho e no qual tinham que encontrar seu lugar.

Sobre os ombros dos alemães-ocidentais recaiu outra carga. Tiveram de pagar a conta da unidade. Só entre 1991 e 1999, a transferência de recursos das unidades federadas ocidentais para as cinco unidades orientais, chamadas de novos estados alemães ultrapassou o valor astronômico de 1 trilhão de marcos (mais de 602 bilhões de euros).

Ilusões e desilusões de uma troca de sistemas

O chanceler federal alemão, Helmut Kohl, prometera um desenvolvimento ímpar aos alemães-orientais na campanha eleitoral de 1990. A região, assegurava, se transformaria em "paisagens florescentes". Mas a economia sentiu o baque das mudanças repentinas, o desemprego aumentou, e muitos se sentiram desiludidos e enganados.

Os sinais de progresso, entretanto, logo se fizeram notar de fato no Leste alemão. O sistema de transportes foi renovado completamente, com construção e ampliação das redes rodoviária e ferroviária. A rede de telecomunicações ali instalada é das mais modernas do mundo. Deteriorados, prédios abandonados durante décadas foram restaurados. Colocou-se também um ponto final na destruição ambiental causada durante o período comunista, e os piores danos ao meio ambiente foram saneados.

O que contribuiu para a sensação de desilusão nos anos após a reunificação foi a expectativa de que as condições de vida da RFA pudessem ser transpostas ao Leste alemão num curto espaço de tempo. Também no Ocidente, muitos alimentaram tal ilusão, achando que bastava uma forte injeção financeira para a economia deslanchar.

Um dos motivos para que essa expectativa não fosse cumprida foi o fato de a produtividade da antiga Alemanha comunista ter sido calculada de forma equivocada. No Tratado da Unificação, considerou-se que a produtividade na RDA equivalia a 60% daquela da Alemanha Ocidental, enquanto, na verdade, ela correspondia a somente 30% da produção no Oeste.

Com a unificação monetária e econômica, as empresas ultrapassadas da RDA ficaram expostas à concorrência internacional da noite para o dia. Os salários tiveram um aumento de 65% no primeiro ano da reunificação, fazendo com que se ampliasse mais ainda a disparidade entre a produtividade e os custos salariais.

A troca do marco oriental pelo ocidental em proporção favorável à população oriental foi fatal para as empresas endividadas. O desmoronamento do mundo socialista e o colapso total dos mercados dos países da Europa Oriental, os principais compradores dos produtos da RDA, foram o tiro de misericórdia nas empresas alemãs-orientais.

O Instituto Fiducidário: liqüidação com prejuízo

Sede do Fundo Fiduciário, em BerlimBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Sede do Fundo Fiduciário, em BerlimPara implementar a transição da economia socialista planificada para a economia de mercado, foi criado o Instituto Fiducidário (Treuhandanstalt). Até sua dissolução, em 1994, ele vendeu, saneou ou fechou 15 mil empresas, instalações e imóveis, entre os quais 8 mil estatais ou grupos mistos.

O departamento foi criado pelo último governo da RDA para administrar o patrimônio estatal, avaliado, em 1990, em cerca de 900 bilhões de marcos (460 bilhões de euros). Mas o valor estimado deste patrimônio despencou em pouco tempo: ainda no fim de 1990, baixou para o equivalente a 306,7 bilhões de euros, e um ano depois, para 102,2 bilhões de euros. Ainda piores foram os resultados das vendas, com as quais só obteve, de fato, 34,25 bilhões de euros.

Altas somas foram investidas para saldar antigas dívidas de empresas e sanear os danos causados ao meio ambiente durante o período comunista, a fim de atrair compradores. Ao encerrar suas atividades, o Instituto Fiducidário registrava um déficit de 131 bilhões de euros. Na prática, para cada marco que a iniciativa privada gastou na compra do patrimônio alemão-oriental, os cofres públicos tiveram que desembolsar quase quatro vezes mais.

O desastre econômico nos novos estados foi completo. Nem mesmo as mercadorias competitivas da produção local encontravam compradores no mercado interno alemão-oriental, porque as pessoas estavam ávidas por provar e consumir os produtos ocidentais, que só conheciam através da publicidade pela televisão.

Com o aumento dos salários, as vendas para a Alemanha Ocidental e a exportação para outros países da União Européia cessaram repentinamente. As mercadorias já não podiam ser exportadas a preços que cobriam apenas parte dos custos de produção. Quase toda a indústria manufatureira nos novos estados alemães entrou em colapso.

Uma cara equiparação

O número de desempregados nos estados da Alemanha Oriental aumentou rapidamente nos primeiros anos após a reunificação. De 1991 para 1997, subiu de 913 mil (10,7%) para 1,35 milhão (17,4%) – ou,2,28 milhões, incluindo-se os números não-oficiais. Por outro lado, embora numericamente menor, a população empregada foi se tornando responsável por um Produto Interno Bruto (PIB) cada vez maior: 105,3 bilhões de euros em 1991, 192,2 bilhões em 1995, 253 bilhões em 2002. O crescimento econômico no Leste alemão superou o da parte ocidental do país nos primeiros anos da reunificação até 1996, mas depois perdeu em dinâmica.

Os novos estados alemães não teriam conseguido oferecer a seus habitantes condições de vida semelhantes às do Ocidente se não fosse pelas transferências de capital. A maior parte dos recursos saiu do orçamento federal. As transferências começaram em 1990, com o início do conjunto de medidas do governo federal que veio a ser chamado de Aufbau Ost (Reconstrução do Leste). Em 2004, o relatório anual do programa calculou em 1,25 trilhão de euros o volume de recursos injetado no Leste desde 1990.

Imensas somas foram empregadas no financiamento do seguro-desemprego e das aposentadorias de pessoas que não tinham contribuído para o sistema.

Para o financiamento dessas somas astronômicas, a Alemanha contraiu dívidas. Em comparação a outros países, ela não tinha até então uma dívida externa alta. Em 1989, seus compromissos somavam 474,9 bilhões de euros, o que representava 42% do PIB. No fim de 1996, entretanto, a dívida pública saltara para 1,088 trilhão de euros (60% do PIB).

Além das transferências de capital para o Leste, a soma engloba o endividamento da parte ocidental do país. Em 2005, a dívida pública chegou a 1,45 trilhão de euros. Por cinco anos consecutivos (2002 a 2005), o déficit orçamentário da Alemanha ultrapassou o limite de 3% permitido pelo Pacto de Estabilidade da zona do euro.

Efeitos da globalização e da reunificação

Os problemas econômicos relacionados à reunificação somaram-se aos da nova fase em que entrava a economia alemã: a da globalização. O primeiro momento foi marcado pela desindustrialização, associada à ampliação do setor de serviços.

Tal racionalização contribuiu para o aumento da produtividade, o que explica o boom das exportações, que vêm batendo recordes sucessivos desde os anos 90. Ultrapassaram a marca dos 500 bilhões de euros no fim da década de 90, e em 2006 alcançaram inéditos 896 bilhões de euros.

A globalização, com a transferência de fábricas e serviços para países com mão-de-obra mais barata que na Alemanha industrializada, foi um dos principais fatores do desemprego. Entre 1991 e 1994, a indústria cortou 24% dos empregos no país. Na parte ocidental, a taxa de desemprego passou de 10,2% em 1991 (1 milhão de pessoas) para 19,2% (1,47 milhão) em 2006. O índice aumentou no país como um todo: passou de 7,3% (2,6 milhões) em 1991 a 12% (4,48 milhões) em 2006, depois de chegar ao recorde de 13% em 2005 (4,86 milhões). A linha divisória persiste no país: em 2006, contra os 19,2% desempregados no Leste, havia 10,2% de desempregados no Oeste.

Por mais que a equiparação das condições materiais de vida no Leste e no Ocidente tenha avançado, o caminho ainda é longo. O Aufbau Ost prevê medidas até 2019 para eliminar as diferenças. A tênue linha que ainda distingue um território do outro não tem mais cunho político, mas sim econônimo: os cincos "novos estados" ainda são mais pobres do que os irmãos do Oeste. Além das taxas de desemprego mais altas, os salários são mais baixos - em 2005, equivaliam a 81,4% da média ocidental. O mesmo vale para o PIB per capita: 29 mil euros no Oeste contra 20,1 mil euros no Leste (equivalente a 69,5%).

Troca de comando e de capital

Nova Chancelaria Federal em BerlimBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Nova Chancelaria Federal em BerlimBerlim retomou seu status de capital da República Federal da Alemanha ainda em 1990, com a reunificação, mas a decisão de transferir as sedes do governo e do Parlamento para lá foi tomada em 1991, e concretizada apenas em 1999. A votação da proposta no Bundestag, em 1991, venceu por somente 17 votos de diferença. A decisão causou polêmica na época – causava estranhamento a ex-capital do Reich voltar a ser o centro do poder do país. Em 19 de abril de 1999, aconteceu a primeira sessão na nova sede do Parlamento: o Reichstag, que foi inteiramente restaurado e ganhou uma cúpula de vidro para simbolizar a transparência da instituição.

O ano de 1998 foi marcado pelo fim da era Helmut Kohl e a entrada em cena de Gerhard Schröder, o primeiro chanceler social-democrata desde 1982. Kohl, o chanceler da reunificação, não conseguiu levar seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), a uma nova vitória - principalmente devido ao alto desemprego e às expectativas frustradas de uma rápida recuperação do Leste.

Formando uma coalizão com a Aliança 90/Os Verdes, o Partido Social Democrata (SPD) saiu na frente com 40,9% dos votos nas eleições parlamentares de 1998. Graças à aliança, o resultado levou o partido ecologista (que obteve 6,2% dos votos) pela primeira vez ao governo federal na Alemanha. Também pela primeira vez, o Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do SED da Alemanha Oriental, conseguiu o mínimo de votos necessário para ter bancada no Parlamento (5%) - façanha que não conseguiria repetir nas eleições seguintes, em 2002.


A União Monetária e os desafios do futuro

Como grande partidário da integração européia, Kohl ajudou a preparar o terreno para a planejada União Monetária. Mas coube a Schröder conduzir o país à nova era que se iniciou na Europa em 1º de janeiro de 1999, com a introdução do euro como moeda contábil. A Alemanha e dez países-membros da UE abdicaram de suas moedas nacionais em favor da nova moeda comum na zona do euro.

A introdução da moeda comum e as condições de admissão na União Monetária foram fixadas em 1992 no Tratado de Maastricht, entre os chefes de Estado e governo da UE. No tratado, que passou a valer em 1993, os países parceiros se comprometeram em adotar uma política exterior e de segurança comum e fortalecer a cooperação em relação a política interna, justiça, política de imigração e combate a drogas e criminalidade. Foi um importante passo rumo à união política da Europa.

Para os alemães não foi fácil despedir-se do marco e aceitar o euroBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Para os alemães não foi fácil despedir-se do marco e aceitar o euroAo contrário de alguns países europeus, a Alemanha teve um alto grau de aceitação da integração européia. Mesmo após a reunificação, o índice de aprovação à idéia sempre esteve acima de 50%, chegando a atingir até 70%. Não obstante, foi difícil para os alemães se despedirem do marco alemão, a moeda que simbolizara o "milagre alemão" do pós-guerra e ficara associada à estabilização da economia. Em 1998, ainda havia grande rejeição ao euro na Alemanha.

A nova unidade monetária entrou em circulação em 1º de janeiro de 2002. Embora tenham se acostumado à nova moeda, muitos alemães associam o euro à queda do poder aquisitivo nos anos de estagnação do crescimento que marcaram o início do novo milênio. Ainda hoje há quem se refira ao marco alemão com um ar de "aqueles eram os bons tempos".

Atual legislatura

Nas eleições parlamentares de 2002, o Partido Social Democrata de Schröder perdeu votos (38,5%), mas conseguiu manter-se no poder em coalizão com o Partido Verde (8,6%). Durante a campanha eleitoral, chegou a delinear-se uma possível vitória da oposição, mas o chanceler conseguiu reverter a situação no último momento com seu categórico "não" a uma participação da Alemanha na guerra do Iraque. O fracasso no combate ao desemprego foi um ponto que por pouco não custou a reeleição de Gerhard Schröder.

Além dos desafios de combater o desemprego, que continuou aumentando durante seu governo, e manter o Estado alemão financiável, diante do envelhecimento da população, Schröder acompanhou a ampliação da União Européia: em 2004, dez novos membros ingressaram na comunidade, representando uma delicada época de transição.

Ao longo do segundo mandato, a perda de espaço do SPD nas eleições estaduais foi dificultando a aprovação de reformas no Parlamento. Com uma base de apoio cada vez menor, Schröder anunciou, em maio de 2005, que tentaria antecipar as eleições parlamentares previstas para o ano seguinte.

As novas eleições aconteceram, afinal, em setembro de 2005, e resultaram num impasse: nem o SPD (em aliança com o Partido Verde) nem a CDU (aliada à União Social Cristã e ao Partido Liberal Democrático) alcançaram a maioria. A solução foi a criação da Grande Coalizão: a aliança entre o SPD e a CDU/CSU. Schröder concordou em ceder a chancelaria a Angela Merkel, que era presidente da CDU desde 2000.

Angela Merkel foi eleita chanceler em 22 de novembro de 2005, com 397 de 611 votos do Parlamento alemão. Tornou-se assim a primeira mulher a assumir a chefia do governo alemão, e o fato de vir do Leste alemão tornou sua eleição ainda mais significativa. O SPD e a CDU/CSU dividiram os cargos em seu gabinete.

Em 2006, Merkel estabeleceu um programa de oito metas para o seu governo, prevendo mudanças nas políticas energética, familiar, federalista, trabalhista e, um ponto importante, no sistema de saúde: em março de 2007, conseguiu aprovar as reformas no sistema de seguro saúde, que passam a valer a partir de 2009.

Na política externa, Merkel voltou a estreitar as relações com os Estados Unidos, que ficaram estremecidas após a exposição de Schröder à guerra no Iraque. No âmbito europeu, manteve o papel central da Alemanha na União Européia. O bloco passou a englobar 27 países em 2007, com a entrada da Bulgária e da Romênia.

De janeiro a junho de 2007, a chanceler assumiu a presidência do Conselho da União Européia. Os principais marcos durante a sua presidência foram o estabelecimento de novas medidas para combater o aquecimento global (com a nova meta do bloco de reduzir, até 2020, a emissão de gases do efeito estufa para 1/5 do valor de 1990); a cúpula comemorativa dos 50 anos da UE, em Berlim; e o acordo para elaborar um novo tratado para a UE, substituindo o fracassado projeto de criar uma Constituição européia.

Merkel inovou na comunicação com a população ao criar um podcast semanal informando sobre as ações do governo. O vídeo com a mensagem da chanceler federal ao povo é transmitido todo sábado, e foi lançado em junho de 2006, enquanto o país sediava a Copa do Mundo. No fim de 2006, Merkel foi reeleita presidente da CDU. No mesmo ano, foi considerada a mulheres mais poderosa do mundo pela revista americana Forbes, e estava entre as cem pessoas com mais influência no mundo listadas pela revista Time.

Última atualização: junho de 2007


Fonte: DEUTSCHE WELLE

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