Perfil

Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR

Mensagem aos leitores

Benvindo ao universo dos leitores do Izidoro.
Você está convidado a tecer comentários sobre as matérias postadas, os quais serão publicados automaticamente e mantidos neste blog, mesmo que contenham opinião contrária à emitida pelo mantenedor, salvo opiniões extremamente ofensivas, que serão expurgadas, ao critério exclusivo do blogueiro.
Não serão aceitas mensagens destinadas a propaganda comercial ou de serviços, sem que previamente consultado o responsável pelo blog.



terça-feira, 20 de julho de 2010

Fé e comércio


Se você faz da religião um comércio, certamente a fé é o contrato, o dízimo a popuança, a igreja o banco, e Deus uma propriedade, localizada em extenso condomínio fechado.

Cecília Valadão, citada por
www.pensador.info

-=-=-=-=

NA PRAÇA SÃO PEDRO (6/5/2007)

Comércio da fé é intenso

Foto da matéria

Clique para Ampliar

Comércio ambulante nas imediações da Praça São Pedro, no Vaticano: vendedores nada amistosos não param de trabalhar para dar entrevistas. Cada terço de murano custa, em média, 20 euros

CARLOS EUGÊNIO

Clique para Ampliar

Roberto Sentimeo: dá para tirar 100 euros por dia, em épocas menos movimentadas

Clique para Ampliar

Ruínas de Ostia Antica atraem estudantes italianos e encanta os visitantes internacionais
SAMIRA DE CASTRO

Clique para Ampliar

6/5/2007

Como centro do catolicismo, o Vaticano abriga intenso comércio formal e informal de artigos religiosos

Vaticano. Roma oferece a maior variedade possível de lembranças religiosas. De jóias a crucifixos, supostamente com a bênção do papa, as lojas nos arredores da Praça de São Pedro vendem um pouco de tudo. À entrada do lugar, pelos menos dois vendedores ambulantes comercializavam imagens de santos (e de Bento XVI), medalhas e terços — de todas as cores, tamanhos e preços. Os mais simples, custando de três a cinco euros (de R$ 9,00 a R$ 15,00). Os mais elaborados, de murano, eram anunciados por 20 euros (R$ 60,00). Nada que uma pechincha não resolva: compramos por 10 euros (R$ 30,00).

Os vendedores, romanos de nascimento, explicaram que não poderiam dar entrevistas. São cadastrados pelo Vaticano mas têm de se manter discretos. Do lado de fora da Praça São Pedro, ficam os ambulantes. Com eles concorrem algumas bancas e lojinhas de artigos religiosos. Numa delas, o vendedor, nada gentil, dispensou os turistas brasileiros ´porque eles gostam de tocar nas mercadorias´. ´Aqui, se tocar paga´, disse rispidamente.

Numa loja maior, com artigos religiosos de luxo (em ouro, prata e pedras preciosas) e souvenirs, a vendedora foi mais gentil. Para começar, ela perguntou em que língua poderíamos conversar. Fez isto em italiano, inglês, espanhol, alemão e francês. Escolhemos o espanhol e indagamos o preço de uma medalha de São Jorge, de prata legítima. ´Só 150 euros´, informou. O equivalente a R$ 450. A loja não permite fotos e nem entrevistas oficiais. A vendedora desconversou e saiu, quando perguntamos o faturamento e o número de clientes.

O Vaticano estima que, a cada ano, os centros de culto religioso do mundo recebam entre 220 e 250 milhões de visitantes — 60% a 70% cristãos. Somente na Europa, calcula-se que cerca de 30 milhões de cristãos, principalmente católicos, fazem peregrinações. O principal destaque é a Polônia, país no qual 7 milhões de pessoas (15% da população), praticantes de várias religiões, viajam em peregrinações.

Os santuários cristãos no mundo atraem 25 milhões de peregrinos, sendo Roma e o Vaticano os principais. A maioria deles não tem estrutura necessária para receber bem os turistas. Entre os centros religiosos que têm turismo planejado está o Santuário de Lourdes, na França. A cidade tem somente 15,3 mil habitantes e recebe, por ano, 5 milhões de visitantes de 150 países, que se hospedam em 270 hotéis e 13 campings. Nada menos que 400 empregados, sendo 280 fixos, trabalham na recepção dos turistas-peregrinos. (SC)

CÓDIGO DA VINCI - Ficção ajuda a criar roteiros religiosos em Londres e Paris

Com o passar dos anos, novos pólos religiosos se tornam atrativos turísticos da moda. Em Londres e Paris, o best-seller Código da Vinci, de Dan Brown, criou novos roteiros, para que os turistas possam examinar os fatos que estão por trás da ficção. Na capital britânica, por duas horas, os turistas visitam a histórica Temple Church, onde ficava a sede dos Cavaleiros Templários, e a igreja de St. Bride’s, que abriga resquícios de uma estrada romana. Em Paris, a viagem inclui uma visita guiada à igreja de Saint-Sulpice.

Na Alemanha, depois que o cardeal Joseph Ratzinger foi nomeado Papa Bento XVI, há novos roteiros turísticos em Munique e Freising — cidades nas quais o atual chefe da Igreja Católica passou importantes momentos de sua vida. A empresária Zilda Plutarco, proprietária da agência Plutarco Turismo, em Fortaleza, revela que os turistas-peregrinos no Brasil gostam de incluir em seus roteiros as igrejas ortodoxas da Rússia.

Além dos santuários de Fátima (Portugal) e Lourdes (Paris), o Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, é um dos roteiros de turismo religioso mais famosos do mundo — e um dos preferidos pelos brasileiros. Peregrinos percorrem o caminho há oito séculos, interessados na história do apóstolo Tiago. O trajeto possui mais de 1.800 edifícios históricos, tornando-se momento de reflexão e oração. (SC)

MEDALHINHAS E TERÇOS - Vendedor trabalha no Vaticano há décadas

Roberto Setimeo, 45 anos, trabalha há 35 no comércio de imagens de santos e papas, além de lembrancinhas, ao redor do Vaticano. De poucas palavras, ele só consentiu em dar entrevista depois que compramos dos terços de murano, a 10 euros cada. Casado e pai dos dois filhos, um de 19 e outro de 16 anos, sustenta a família como ambulante.

´Na baixa estação, o movimento é bem fraco mas dá para tirar uma renda satisfatória. Nesta época, da primavera, é que o comércio fica bem melhor´, explicou. Ele disse apurar mais de 100 euros por dia. Fica com metade deste valor. A outra, vai para cobrir custos e comprar mais itens. ´Sou de família tradicional, com mais de 700 anos em Roma. Não tive estudo e me viro assim´.

Piratas

Para quem não está interessado em artigos religiosos ou réplicas em miniatura do Coliseu, mas quer consumir em Roma, a ponte Santo Ângelo é o endereço certo. Assim como no calçadão da Avenida Beira-Mar, em Fortaleza, a área reúne dezenas de ambulantes, vendendo itens pirateados: bolsas, malas, tênis, óculos, relógios. Tudo imitação de Prada, Fendi, Dior, Armani, Gucci...

A mão-de-obra é predominantemente africana. A guia Michela Ceruti, da operadora Ostiensis Viaggi Network, explicou que a maioria entra na Itália de forma ilegal. (SC)

OSTIA ANTICA - Potencial arqueológico é a nova aposta

O turismo em Roma não tem apenas a motivação religiosa. Os atrativos culturais falam mais alto, quando o assunto é roteiro para a terra que abrigou reis e imperadores. Ostia, distrito romano distante cerca de 24 km da capital italiana e que abrigou o maior porto do Mediterrâneo, no Século IV antes de Cristo, quer se tornar pólo de turismo.

Com o início das operações regulares do vôo da Air Italy, ligando Roma a Fortaleza — prevista para entrar em freqüência regular em junho —, cresce a expectativa em torno dos visitantes latino-americanos. Principalmente brasileiros.

Segundo Paolo Orneli, presidente do município de Ostia, a região, com 250 mil habitantes, abriga um tesouro subterrâneo: escavações de Ostia Antica, cidade que deu origem a Roma. São áreas de interesse arqueológico que mostram um pouco da cultura romana de séculos anteriores a Cristo. O plano diretor da região prevê investimentos de 1 bilhão de euros, 250 milhões só em infra-estrutura receptiva, como hotéis, bares e restaurantes, no balneário de Ostia. A cidade tem, 3,5 mil leitos hoteleiros, mais da metade de nível inferior.

Segundo Giuseppe Gentile, presidente da companhia aérea Air Italy, o turista sul-americano tem melhor poder aquisitivo que o asiático, por exemplo, que gasta em media 50 euros por dia na Europa. (SC)

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com

-=-=-=-=

No comércio da fé, Jesus não passa de um produto vendido à prestação (Raimundo Nonato e Nonato Costa)

Por Alder Julio Ferreira Calado em 13/06/2010

Os Poetas e Repentistas são, não raro – e este é bem um caso elucidativo! – uma espécie de radares privilegiados ou uma antena com alto potencial perceptivo. Captam com rara felicidade os sinais que circulam pelo espaço social. Com sentidos aguçados, não tardam em captar sinais de contradição espalhados em nossa realidade social, econômica, polpitica, cultural, religiosa.

Desta faixa de um seus CDs, houve por bem selecionar três das estrofes encimadas pelo mote instigante: “No comércio da fé Jesus não passa / De um produto vendido à prestação”.

Mesmo sabendo que não se trata de um fenômeno novo – a exploração religiosa, como se sabe, remonta a séculos em nossa conturbada história -, não há negar que o acelerado processo de globalização também se traduz por meio de valores religiosos. A chamada “teologia da prosperidade”, tão ao gosto das recentes expressões neopentecostais (alguns preferem chamar “pós-pentecostais”) constitui um exemplo paradigmático. Situação agravada em conjunturas de crise sócio-econômica, ocasião em que se fazem mais fortes e mais freqüentes os apelos à divindade, no sentido de socorrer milagrosamente desempregados, endividados, enfermos graves, lares desintegrados. Quase tudo passa do terreno das possiblidades humanas para o campo da segurança exclusive em Deus. Transfere-se para Deus tudo o que, antes, era da alçada dos homens.

Nesse contexto, a tendência dominante é de abusar do recurso aos milagres e às magias, “em nome de Deus”. Bateu desemprego na família? Vamos apelar a Deus, trazendo a Carteira de Trabalho para ser abençoada, e fazer tornar a situação de emprego. O mesmo se estende a outros desafios.

Não se restringe a apelar para Deus, mas também cuida de extrair vantagens. Abusa-se da recomendação ao pagamento de dízimo, de ofertas generosas, como condição explícita ou implícita de reação de Deus aos apelos formulados pela vítimas, com a mediação de pastores e padres…
Eis o clima propício para a ocorrência do relato poético dos Repentistas:

Os pastores e padres são isentos
De despesas com carro, casa e feira
Os fiéis são quem tira da carteira
As despesas e os gastos dos aumentos
Para Deus tem até 0800
Custa quatro reais a ligação
Eles chamam isso tudo louvação
Mas eu chamo isso tudo de trapaça
No comérico da fé Jesus não passa
De um produto vendido à prestação

(…)

Sei que a Bíblia em CD está gravaada
E que Cid Morieira as cifras soma
A Capala Cistina lá em Roma
Quem quer ver são dez dólares a entrada
21
Hoje, toda cidade é explorada
Por novena, por missa e e procissão
Vendem até o rosário de oração
Crucifixo, água benta, blusa e tassa
No comércio da fé, Jesus não passa
De um produto vendido à prestação

(,,,)

Sei que a seita dos Mórmãos quantifica
Quem dá mais é quem consta do arquivo
A Presbítera tem cunho lucrativo
Renascer muito atrás também não fica
A Igreja Católica é a mais rica
Mas as outras igrejas também são
Não aceitam fazer a divisão
Essa hipótese a Igreja não abraça
No comércio da fé, Jesus não passa
De um produto vendido à prestação

(Do CD recolhendo os melhores momentos do I Grande Encontro de Poetas e Repentistas do Nordeste, realizado em João Pessoa, em abril e maio de 1999)

Inscritas igualmente no padrão clássico das décimas, as estrofes seguem as características comuns de um “martelo agalopado”: estrofes de dez linhas, cada verso contendo dez sílabas, acentuadas na terceira, na sexta e na décima. Mesmo padrão de rima (ABBAACCDDC).

Convém destacar a criatividade do mote, quanto à força dos argumentos e ao seu caráter didático, ao alcance das pessoas comuns. Há de se destacar, ainda, a imaginação dos autores, quando se trata de fazer analogias criativas entre as práticas religiosas dominantes e o espírito de mercado que as impregna.

http://www.consciencia.net

Um comentário:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.